sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Valério cita Lula em depoimento

Brasília (AE) - O PPS anunciou ontem que vai entrar com uma representação junto ao Ministério Público, na próxima terça-feira, para a abertura de investigação a fim de apurar a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema do mensalão. O DEM e o PSDB decidiram aguardar uma manifestação do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, antes de decidir sobre o pedido de uma nova investigação. Reportagem publicada nesta quinta-feira no jornal O Estado de S. Paulo revela que o publicitário Marcos Valério prestou depoimento ao Ministério Público, no mês de setembro, citando Lula e o ex-ministro Antônio Palocci como integrantes do esquema
Lúcio TávoraMarcos Valério pede proteção para apresentar novos indícios contra supostos envolvidosMarcos Valério pede proteção para apresentar novos indícios contra supostos envolvidos

Na representação que será protocolada na Procuradoria, o PPS defende a aplicação para Lula do mesmo entendimento que levou à condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. O Supremo aplicou o chamado "domínio do fato". O DEM e o PSDB consideram, no entanto, prematuro acionar o Ministério Público, sem uma confirmação do inteiro teor do depoimento de Valério.

"Por que vamos entrar agora com um pedido de investigação sem ter a confirmação ainda do depoimento do Valério ao Ministério Público? Isso vai ter uma sequência. Vamos aguardar uma manifestação do Ministério Público", argumentou o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN). "É mais prudente nós aguardarmos uma manifestação do procurador. Essa denúncia é muito grave", disse o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE). 

O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), reagiu com virulência à decisão do DEM e dos tucanos de não assinar o pedido de investigação. "Se eles não quiserem assinar, problema deles. Não tenho que esperar mais nada", destacou o parlamentar.

Apontado na denúncia do Ministério Público como o operador do mensalão, Marcos Valério foi condenado no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e peculato. Valério estaria propondo ao Ministério Público sua inclusão no programa de proteção a testemunhas em troca de fornecer mais detalhes sobre o esquema. 

'Operador' pede delação premiada 

O jornal O Estado de São Paulo destacou ontem que o empresário condenado como o operador do mensalão, Marcos Valério Fernandes de Souza prestou depoimento ao Ministério Público Federal no fim de setembro. Espontaneamente, marcou uma audiência com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Fez relatos novos e afirmou que, se for incluído no programa de proteção à testemunha - o que o livraria da cadeia -, poderá dar mais detalhes das acusações. 

Dias depois do novo depoimento, Valério formalizou o pedido para sua inclusão no programa de testemunhas enviando um fax ao Supremo Tribunal Federal. O depoimento é mantido sob sigilo. Segundo investigadores, há menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ex-ministro Antonio Palocci e a outras remessas de recursos para o exterior além da julgada pelo Supremo no mensalão - o tribunal analisou o caso do dinheiro enviado a Duda Mendonça em Miami e acabou absolvendo o publicitário. Ainda no recente depoimento à Procuradoria, Valério disse já ter sido ameaçado de morte e falou sobre um assunto com o qual parecia não ter intimidade: o assassinato em 2002 do então prefeito de Santo André, Celso Daniel.

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