segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Ministério Público e Polícia Federal deverão investigar notícia falsa contra Robinson Faria


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Pesquisas que jamais foram feitas, um resultado nunca divulgado, uma matéria que não foi publicada. São essas as informações falsas que estão circulando pelas redes sociais contra a candidatura Robinson Faria (PSD) ao Governo do Estado e que devem ser denunciadas à Polícia Federal do RN e ao Ministério Público Eleitoral (MPE). Pelo menos, foi isso que confirmou o deputado federal reeleito Fábio Faria (PSD), ao tomar conhecimento dos chamados “fakes”.
“Amanhã (este sábado) o jurídico da campanha estará comunicando à Polícia Federal e ao Ministério Público, a calúnia que começou a circular na internet com uma montagem grosseira, apesar de deletéria, para atingir a honra e a imagem do candidato Robinson Faria, de modo a tentar reverter a expressiva ascensão por ele alcançada e divulgada pelo Ibope”, afirmou Fábio Faria, pelas redes sociais dele.

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Segundo o advogado da coligação de Robinson Faria, Fábio Sena, o caso será apurado na esfera criminal. “Ingressaremos com uma representação criminal no Tribunal Regional Eleitoral, no MPE e na PF. Vamos identificar todos aqueles que estão replicando e fazendo a divulgação disso”, afirmou o advogado.

Segundo a reportagem d’O Jornal de Hoje tomou conhecimento são, pelo menos, quatro informações “fakes” circulando pela internet, sendo publicadas em perfis (reais) em redes sociais e compartilhadas pelo aplicativo de troca de mensagens Whatsap. Duas delas dizem respeito aos números de uma pesquisa que teria sido feita pelo instituto Certus, mas que não foi divulgada porque mostraria uma queda de Robinson Faria e um crescimento de Henrique.

A que Fábio Faria se referiu na postagem dele é outro fake: uma notícia, publicada supostamente pelo jornal Folha de São Paulo, e que colocaria Robinson Faria como um dos citados no escândalo da Operação Sinal Fechado – que tem Wilma de Faria, aliada de Henrique Alves, como uma das rés. “Ao contrário do que foi dito, o candidato Robinson Faria é testemunha de acusação arrolado pelo ministério público autor da ação penal. Todos que estão postando essa montagem serão ouvidos”, 

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A pesquisa da Datafolha no Rio Grande do Norte seria o outro fake em circulação na internet. Nela, está dito que Robinson Faria tem 47% das intenções de voto e Henrique, 53%. A pesquisa teria sido divulgada no dia seguinte a tão divulgada pesquisa do Ibope, que mostrou Robinson com 54% das intenções de voto contra 46% de Henrique.
O problema aí é que, diferente da pesquisa do Ibope, divulgada durante o programa RN TV Segunda Edição, da InterTV Cabugi, a pesquisa da Datafolha jamais foi divulgada. No site do Uol, onde a pesquisa estaria, não há qualquer menção sobre os números. Tampouco, no site oficial da Datafolha, que chegou até a, realmente, divulgar pesquisas nesta semana em outros estados. Contudo, nenhuma no Rio Grande do Norte.

Robinson: “Henrique iniciou uma campanha suja nas redes sociais”
Em nota divulgada no início da tarde deste sábado, a coligação de Robinson Faria atribuiu a Henrique Eduardo Alves (PMDB) as informações falsas que circulam na internet. “O crescimento de Robinson nas pesquisas de opinião virando o jogo eleitoral no Rio Grande do Norte, a campanha do candidato do PMDB iniciou uma campanha suja nas redes sociais. O candidato que se dizia amadurecido e livre do radicalismo, mudou radicalmente a sua postura principalmente depois da divulgação da pesquisa Ibope no último dia 15 de outubro que mostrou uma vantagem de 8 pontos para Robinson nos votos válidos”, apontou a nota.

“A montagem acusa o candidato de participação em um processo de modo a tentar reverter a expressiva ascensão eleitoral por ele alcançada e divulgada pelo Ibope esta semana. Ao contrário do que é colocado na arte, o candidato Robinson Faria é testemunha de acusação arrolado pelo Ministério Público autor da ação penal”, acrescenta a nota de Robinson Faria.

A coligação do PSD não faz qualquer referência aos outros “fakes” que circulam com supostos resultados de pesquisa. Contudo, os advogados de Robinson confirmaram que esses casos também serão apurados.

Diretor da Certus confirma: “Resultado divulgado é fraude”
Se a Datafolha não fez qualquer pesquisa de segundo turno no Rio Grande do Norte, o Certus jamais divulgou qualquer resultado de levantamento feito já nessa segunda fase de disputa. E quem garante isso é o diretor do Instituto, Mardone França, que também preside a Associação dos Institutos de Pesquisa do RN. “Afirmo isso peremptoriamente: qualquer número de pesquisa de segundo turno atribuído a Certus é fraude, é mentira”, garantiu França em contato com O Jornal de Hoje.

Segundo o estatístico, a pesquisa realmente foi feita, mas não teve qualquer resultado divulgado – ou vazado. “Fiz isso para preservar a credibilidade do meu instituto, porque os números da pesquisa ficaram defasados e não iria divulgar algo defasado”, afirmou ele, justificando que o resultado seria publicado somente seis dias depois que o levantamento foi feito. “Não seria irresponsável para, numa eleição curta como essa, fazer isso”, acrescentou.

A mesma justificativa, inclusive, foi dada pelo Blog do BG, responsável pela contratação da pesquisa.  “O BlogdoBG divulgará na próxima quarta-feira (22) mais uma pesquisa Certus para o governo do RN e presidente da República. Havíamos registrado pesquisa anteriormente para ser publica neste sábado (18), mas em função de atraso na coleta das informações em campo, o que provocou defasagem no resultado, se distanciando muito do período da coleta”, explicou o Blog do BG, justificando a não publicação do resultado e negando que houvesse uma queda de Robinson e um crescimento de Henrique. Ou seja: confirmando que a informação compartilhada se trata de um “fake”.

“A pesquisa que será divulgada na quarta-feira vai ser um retrato, realmente, de momento, porque o levantamento vai terminar no mesmo dia da publicação”, garantiu o diretor do Instituto Certus.

Henrique retuita resultado falso de pesquisa Certus
Se Fábio Faria quer que todos os que compartilharam os fakes sejam ouvidos, é bom o candidato ao Governo do RN, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, se preparar. Afinal, ele retuitou o que o perfil de Adriano Ramos (um jovem que dedica boa parte de seu perfil no microblog a compartilhar informações da campanha do PMDB) contendo o resultado, supostamente fake, da pesquisa da Certus/Blog do BG, que teria um crescimento do peemedebista e uma queda do pessedista.

O fato, inclusive, foi retuitado por outros cinco perfis, tendo sido um destes o “Mossoró Vota 15″, também entusiasta da campanha do PMDB. “O fato vai ser apurado e vai investigar aqueles que estão compartilhando e divulgando essas informações falsas para saber da onde partiu. Se ficar comprovado que partiu de Henrique Alves esses ‘fakes’, por exemplo, o registro de candidatura dele poderá ser cassado”, afirmou o advogado Fábio Sena, da coligação encabeçada por Robinson Faria.

NOTÍCIA FALSA
De qualquer forma, o fato é que Henrique Alves não está “sozinho” nesse barco de compartilhamento de “fakes” contra Robinson Faria. Arafran Peter, que é secretário de comunicação da Prefeitura de Macau (a qual o prefeito Kerginaldo Pinto apoia Henrique), postou em seu facebook, a notícia falsa da Folha de São Paulo contra o candidato do PSD e deverá ser ouvido pela Polícia Federal.

Henrique rebate Robinson: “Acusação feita sem provas e sem qualquer cabimento”
Já após a nota da coligação de Robinson Faria, O Jornal de Hoje procurou a assessoria de comunicação do candidato do PMDB, Henrique Eduardo Alves, e esta negou de forma categórica as acusações, feitas “sem provas” e “sem qualquer cabimento”.

A assessoria de comunicação de Henrique acrescentou que jamais trabalhou com qualquer tipo de fake ou de propagação de notícias falsas contra o adversário. E lembrou a ação que existe contra a coligação de Robinson Faria, justamente, por utilizar fakes contra a candidatura do PMDB. “Esta sim com provas”, ressaltou a assessoria do candidato peemedebista.

FAKES DE ROBINSON
Se tiver se utilizando de notícias fakes, vale lembrar, Henrique estaria participando de algo que ele tentou combater no primeiro turno. Afinal, o grupo encabeçado pelo PMDB ingressou com representação no Tribunal Regional Eleitoral contra Robinson Faria e o blogueiro Bruno Giovanni, do Blog do BG, acusando eles de utilizarem perfis falsos na internet para caluniar o candidato do PMDB.

De acordo com a ação da defesa de Henrique, a rede de fakes têm o objetivo de “desequilibrar o pleito de 2014 em prol do candidato Robinson Faria”. A rede utilizaria perfis falsos e sites, segundo os advogados de Henrique, além de alugar perfis famosos na internet, como o do Pinta Natalense, no twitter, para realizar uma “campanha de difamação contra o candidato do PMDB”.

Fonte: JH

Militantes estão mais agressivos

O clima de confronto dos candidatos ao Planalto Dilma Rousseff e Aécio Neves, com embates cada vez mais acalorados, tem exposto mais do que um País dividido entre petistas e tucanos nestes dias que antecedem a votação do 2º turno, marcada para o dia 26 de outubro. Na internet e nas ruas, os xingamentos e agressões entre eleitores são cada vez mais comuns e frequentes.

Para especialistas, desde a redemocratização do País nunca se viu tanta violência em uma campanha como em 2014. Já há registros até de agressões físicas. Enquanto Dilma e Aécio se enfrentavam no primeiro debate do 2º turno na terça-feira passada, na Band, o aposentado Ênio Barroso Filho, de 57 anos, sofria uma tentativa de agressão próximo à Praça Roosevelt, no centro de São Paulo. Deficiente físico, Ênio guiava sua cadeira de rodas pela Rua Augusta. Vestia uma camiseta vermelha e um broche com o slogan do PT.

Segundo ele, uma perua com quatro homens começou a segui-lo. “Eles pediram para eu tirar a camisa e me chamaram de comunista. Falaram para eu me mudar pra Cuba”, afirma. O aposentado reagiu e, em troca, recebeu socos na cabeça. Depois, foi jogado no chão As agressões só pararam, conta Ênio, quando pessoas que estavam próximas pediram por socorro. No bairro Artur Alvim, zona leste da capital, a dona de casa Ivânia Vilela, de 47 anos, transformou parte de sua residência em um comitê de Aécio. Com bandeiras e placas na frente de casa, Ivânia conta que recebe ameaça de vizinhos diariamente. Na madrugada da quarta-feira passada, o material de campanha foi incendiado. “Foi constrangedor, triste, porque respeito a opinião dos outros. Só peço que respeitem a minha”, disse.

Candidatos trocaram acusações nos debates, o que incentivou militantes a adotarem o mesmo tom principalmente nas redes sociais

Para Francisco Carlos Teixeira da Silva, historiador contemporâneo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, episódios como esse reforçam a ideia de que o discurso de ódio dos partidos influenciam os casos de violência dentro da política.

“Estamos na anteporta de ter de volta à cena política brasileira a violência como elemento banal”, reflete o historiador. Ele considera que o discursos utilizado pelas legendas partidárias envolvidas na disputa presidencial contribuem para este ambiente. O teor dos programas no horário eleitoral gratuito estaria incentivando o conflito mais acirrado entre os eleitores que estão engajados na campanha ou tem mais identificação com os candidatos.

“Vemos os partidos usarem uma linguagem extremamente agressiva em seus programas e nos debates. Isso é quase como uma autorização escrita para atos violento”, argumenta o historiador.

“É uma ânsia tão grande por conseguir votos que se transforma em radicalização de ambos os partidos’’, diz Vera Chaia, cientista política da PUC-SP. Vera Chaia lembra que as acusações eleitorais vêm desde o confronto entre Lula e Collor, em 1989. Mas, naquela época, havia políticos conciliadores dentro dos partidos que conseguiam amenizar os conflitos. Atualmente, não há este fator que poderia amenizar o clima de confronto entre alguns militantes.

“O (Mário) Covas, no PSDB, e o Ulysses (Guimarães), no PMDB, são exemplos de políticos que mediavam conflitos. Hoje nós temos um quadro totalmente ao contrário. O marketing sobressai e extrapola os limites de ataques na televisão.”

Divergências chegam a provocar inimizades

As ameaças e discussões acontecem com mais intensidade no mundo virtual. Eleitores de ambos os candidatos trocam acusações, criam inimizades e até mesmo dão “um tempo” no relacionamento por causa das desavenças políticas. Esse quase foi o caso da estudante Camila Dornelas, de 25 anos, que mora no Rio de Janeiro. Em uma conversa informal de casal, Camila mencionou para o namorado que votaria em Dilma. A resposta veio em tom de acusação: “Sua petista!”. “Ele tentou me convencer de que o Aécio era o melhor. Preferi não discutir mais política para não perder o namorado”, conta a estudante. Na quinta-feira, logo após a presidente Dilma sentir-se mal no debate do SBT - no qual petista e tucano trocaram ataques pessoais no encontro mais “bélico” entre ambos desde o início da campanha -, o médico gaúcho Milton Pires postou a seguinte frase no Facebook: “Tá se sentindo mal? A pressão baixou? Chama um médico cubano sua grande filha d...”. O post teve mais de 1,4 mil compartilhamentos - a maioria com críticas ao médico. Ontem (17), segundo ele, sofreu ameaças de morte. “Será necessário caçar meu diploma de médico, me levar preso e ainda assim eu não retiro o que escrevi sobre Dilma nem peço desculpa”, afirmou.

O professor de inglês Adriano Schneider, de 30 anos, escreve pelo menos um texto por dia defendendo suas ideias e opiniões políticas. Ele diz que vai votar em Aécio no próximo dia 26, o que o fez criar inimizades no Facebook e ter longas discussões de 140 caracteres no Twitter. “Se eu escolho o Aécio, sou rico. Se prefiro a Dilma, sou um beneficiado do Bolsa Família. Todos adoram rotular”, disse. Entre os famosos, as discussões também são quentes. Na segunda-feira, o ator Gregorio Duvivier escreveu sobre sua posição de voto a Dilma e as agressões verbais que tem sofrido. Uma delas partiu, via rede social, do também ator Dado Dolabella. Ele afirmou: “estar com Dilma” é o mesmo que “estar com Ebola”.