Simone Silva - Especial para O Poti
Com a proximidade das eleições municipais cresce a curiosidade em torno
da vida dos seis candidatos, cujos nomes se apresentam para análise
popular. A maioria já ocupou cargo eletivo e, basicamente, são
conhecidos de boa parte da população.
Mas quem são as mulheres ao lado dos postulantes ao Palácio Potengi? Estão preparadas para o posto de primeira-dama?
O que elas pensam, fazem, de que modo influenciam na vida e nas decisões políticas de seus maridos?
O Diário de Natal conversou com cada uma das companheiras
dos
políticos e traçou seus perfis. O objetivo é apresentá-las ao eleitor
para que ele também possa analisar sua postura, vivência e preparação,
e levar as informações em consideração na hora de sua escolha. Elas
conhecem o homem além da vida pública. É necessário ressaltar que
apenas o candidato Roberto Lopes (PCB) não é casado e que a disposição
das entrevistas abaixo segue a posição de seus maridos nas últimas
pesquisas de intenção de voto
A discretaAndréa Ramalho Pereira de Araújo Alves, 42Empresária, formada em Psicologia e Administração Natalense
Filiada ao PDT
Esposa de Carlos Eduardo Alves (PDT)
A
política sempre foi muito presente na vida de Andréa Ramalho. Neta do
ex-governador Radir Pereira, ela é a única que já ocupou o cargo de
primeira-dama, inclusive com passagens por uma secretaria municipal.
 Elias Medeiros/DN/D.A Press |
Embora
conhecesse Carlos Eduardo desde a adolescência, dos tradicionais blocos
de Carnaval de Tirol/Petrópolis, o reencontro só ocorreu em 2001, numa
festa, quando ele era secretário de estado e ambos estavam livres das
relações anteriores.
De lá para cá já são dois filhos e uma
certeza: a paixão do marido pela política. "Ele ama o que faz, não é
sacrifício, é feliz fazendo isso. Ele realmente acredita que pode dar
sua contribuição. Trocamos muitas ideias. Ele me ensina muito", conta
com olhos marejados.
Discreta, Andréa comanda há 21 anos em
Natal uma marca de roupas femininas, que possui lojas em shoppings. No
entanto é na maternidade que mais se encontra, tendo como exemplo de
força sua mãe. Sensível às questões sociais, principalmente no tocante
à infância, ela confidencia que gosta de ir as comunidades conversar e
pedir o voto consciente.
Qual o papel da primeira dama?
É
preciso reinventar esse papel, que acho secundário, trocar o nome. É
preciso conhecer o candidato, saber sua história política, o que já
fez. Eu quero contribuir com políticas públicas, não com
assistencialismo. É preciso ter consciência que enquanto cidadãs
estamos promovendo a construção da sociedade e fazendo nosso papel
quando educamos bem nossos filhos.
Qual o principal problema de Natal?
Falta
a Natal gestão, a compreensão do que é isso e de como deve funcionar
para que existam bons resultados, eficiência e eficácia.
Quais as qualidades de seu marido e porque ele é o melhor candidato?
Ele
é extremamente correto, tem respeito pela coisa pública e trabalha com
lisura. Pensa a política de forma coletiva, não para atender interesses
pessoais. Tem humildade para ouvir e aprender. Ele é muito humano e
participativo na educação dos filhos.
Qual o lado ruim de ter marido político?
A perda da privacidade por conta do assédio. Ficamos visados, mas somos humanos com virtudes edefeitos.
A animadaLucileya Maria de Azevedo Marinho, 42Natural do Rio de Janeiro
Gradução no magistério, ex-bancária
Filiada ao PSDB
Esposa de Rogério Marinho (PSB)
Um casal do século 21.
 ELIAS MEDEIROS/DN/D.A PRESS |
É
assim que Leya Marinho considera sua relação com o marido Rogério, por
dois motivos: o fato de terem se conhecido na internet e a chegada da
filha via inseminação. Coisa de destino, já que a bancária bem sucedida
escolheu quase do nada Natal para mudar de vida. Isso após
vários incidentes no banco - no qual começou a atuar aos 17 anos - onde
chegou até a ficar sob a mira de bandidos.
"Vim por achar que
a cidade era uma capital com ares de interior, segura e que estava
crescendo muito, e eu poderia crescer com ela", lembra. Visivelmente
uma mulher apaixonada há nove anos, quando conheceu Rogério sempre
soube de sua paixão pela política, que ela chama de dom. Por isso não
sofreu ao ter que deixar sua vida dinâmica e ativa para cuidar da
filha, hoje com 4 anos.
"Antes participava mais da campanha,
adoro carreata, conversar com as pessoas. Hoje vou quando sou
requisitada. Administro as casas e tomo todas as medidas para que ele
possa exercer tranqüilo sua atividade".Longe do rótulo de dondoca,
sobre a vida com o marido faz questão de destacar que são um casal de
hábitos simples, que gostam de receber em casa, sair para dançar e
fazer programas que incluem as crianças. Rogério é pai de outros três
filhos.
Qual o papel da primeira dama?
Tenho
uma visão prática, não vejo como um cargo a ser ocupado por tradição.
Penso que gestores com conhecimento técnico na sua área devem ocupar as
pastas. Como cidadã estarei engajada na melhoria da qualidade de vida
do povo da cidade, e como esposa, dando suporte para que ele exerça com
tranqüilidade a política, cuidando do bem-estar da família. É
totalmente descartado ficar na administração pública.
Qual o principal problema de natal?
Saúde Pública é o emergencial, o que não pode esperar. Claro que tem a questão do trânsito, da segurança e ensino.
Quais as qualidades de seu marido e porque ele é o melhor candidato?
Ele
é gabaritado, apaixonado por gestão pública, pensa 24h como mudar as
coisas, tem perfil de administrador e não é só bem intencionado. É
determinado, organizado e excelente gestor e se prepara há muitos anos.
Principalmente, ele ama o que faz. Ele é excelente pai, marido,
prioriza a família e ao contrário do que se imagina, não é nada sisudo.
Estar com ele meenobrece como mulher, me orgulha.
Qual o lado ruim de ter marido político?
A
política traz e leva amizades. Adversários políticos para mim não são
inimigos. Coloco a gentileza acima das divergências, mas algumas
pessoas, não.
A independenteSueli Maria Fernandes Silveira, 51Juíza de Direito
Natalense
Não filiada
Esposa de Hermano Morais (PMDB)
 ELIAS MEDEIROS/DN/D.A PRESS |
Moradores
da mesma rua na adolescência, quando nem davam conta um da presença do
outro, Sueli Silveira e Hermano Morais se reencontraram após alguns
anos, quando voltaram a ser vizinhos e começaram a trocar olhares. Há
sete estão
juntos e há quatro dividem o mesmo teto. Cada um
ganhou dois enteados. Juíza da primeira vara de execução fiscal e
tributária de Natal, em virtude de seu trabalho ela conta que o casal
tem uma vida simples e boa, apesar do dia-a-dia bastante corrido.
Há
20 anos no judiciário (15 na vara de família) Sueli conta que não
pretende ocupar um cargo caso ele seja eleito, mas que em casa dá
"alguns palpites", conhece a agenda e até participa de caminhadas.
"Antes
não contava com esta história de ser primeira dama, mas isso para mim,
hoje, já é uma realidade. Veja Hermano quase na prefeitura".
Assumidamente
vaidosa, adepta de spinnig e alimentação saudável - não come
carnevermelha - Sueli adora praia, inventa receitas e tem o hábito de
decorar a casa. Adora mudar um móvel de lugar coisa que, jura, herdou
da mãe.
Sobre o marido conta um segredinho: "Ele reza todas as
manhãs, assim que sai da cama" e já tem plano pós-campanha: "Vamos
viajar 10 dias".
Qual o papel da primeira dama?
Apoiar,
respeitar as ausências. No meu caso não pretendo me envolver no
Executivo, apenas em ações filantrópicas e voluntárias, coisa que já
faço há muito tempo. Terei mais conhecimento de onde é preciso agir.
Qual o principal problema de natal?
Saúde
é a urgência, a prioridade. Em todos os lugares vemos pessoas mal
atendidas. Digo a ele que se ele não resolver isso eu não vou andar nas
ruas. É absurdo.
Quais as qualidades de seu marido e porque ele é o melhor candidato?
Ele
é trabalhador ao extremo, tem ótimas intenções, é um homem de
princípios, quer poder servir, e tem muito acesso em Brasília, com
possibilidades de conseguir muitas coisas junto com Garibaldi (Alves) e
Henrique (Alves). É um homem sem frescura, humano, não tem o "rei na
barriga", gosta de se divertir e ficar em família.
Qual o lado ruim de ter marido político?
Acredito
que o único lado ruim de ter um marido político é mesmo a falta de
tempo, às vezes, que ele dispõe para a família. Em algumas situações
ele só dispõe de poucas horas. Fora isso não vejo nada ruim.
A militanteLavínia Uchôa Azevedo de Araújo, 48Odontóloga, professora universitária
Natural de Mossoró
Filiada ao PT
Esposa de Fernando Mineiro (PT)
 FÁBIO CORTEZ/DN/D.A PRESS |
Quando
conheceu Fernando Mineiro nos movimentos estudantis na Universidade,
Lavínia Uchoa já era filiada ao PT. Sanitarista, com mestrado em saúde
coletiva, a professora universitária atuou em consultório particular
como odontóloga, mas logo passou ao serviço público em secretarias do
estado e município.
Ela viu com naturalidade o ingresso do
marido na política, e nela se integrou. Hoje participa efetivamente das
campanhas - quer ele seja ou não candidato - nos horários disponíveis,
sendo coordenadora do setorial de saúde do PT e colaborando com o
programa de governo do marido nesta área. "Gosto do corpo-a-corpo, de
conversar, parar na porta das pessoas e fazer um trabalho de
conscientização", conta.
Mãe de um rapaz de 16 anos prestes a
fazer intercâmbio, Lavínia divide seu tempo nas atividades de ensino,
pesquisa e extensão e nos estudos para o Doutorado.
Com vida
cultural e intelectual ativa, ela gosta de viajar em família, o que
ocorre uma vez por ano, em janeiro. Longe do estereótipo de dona de
casa, ela revela: "Quem cozinha lá em casa é ele".
Qual o papel da primeira dama?
Acho
que posso falar do meu caso, que poderia contribuir especialmente com a
área da saúde coletiva, para que o SUS municipal funcione. Acho que a
mulher pode ter sua ocupação e também se envolver no fazer a
prefeitura, organizá-la é uma tarefa grandiosa.
Qual o principal problema de natal?
Falta de planejamento e compromisso político com a população, mas diretamente é a saúde, mudar isso é o principal desafio.
Quais as qualidades de seu marido e porque ele é o melhor candidato?
Ele
tem sensibilidade especial para questões sociais que acumulou durante
anos, não é um político superficial. Tem conhecimento grande da cidade,
é inteligente, capaz e dedicado. Entra de cabeça nas coisas. Tem
cuidado com a família e é muito presente.
Qual o lado ruim de ter marido político?
É a dificuldade das pessoas entenderem a importância da política na vida delas. Política é uma coisa boa.
A intelectualVânia Alberton, 39 anosEconomista, professora Universitária
Natural do Rio Grande Sul.
Não filiada
Esposa de Robério Paulino (PSOL)
 Foto: CARLOS SANTOS/DN/D.A PRESS |
O
gosto pelo conhecimento uniu os economistas Vânia Alberton e Robério
Paulino há seis anos, num congresso em São Paulo, onde moravam. Desde o
início a mestre em Desenvolvimento Econômico sabia das aspirações
políticas do marido, que após anos residindo no Sudeste retornou a
Natal, onde o casal fixou residência e teve o primeiro filho, hoje com
dois anos e meio.
Professora de uma faculdade, querida pelos
alunos pela simpatia e organização, Vânia divide seu tempo entre o
pequeno João, os planos de aula e os estudos do doutorado. As plantas
são suas paixões, tanto que cultiva no jardim de casa várias espécies,
que vão das flores às verduras. De seu viveiro já saíram várias para
projetos de arborização, e até para uma praça perto de casa.
Articulada,
ele conta que conversa com o marido sobre projetos de governo, dando
sugestões e palpites e que, quando pode participa das movimentações.
Para ela a maior contribuição de ambos seria com a educação. "Ambos
queremos uma cidade melhor", diz.
Qual o papel da primeira dama?
Apoiar
as decisões do marido, ajudá-lo no que for possível, participar dos
programas e orientar principalmente nas questões da educação base.
Qual o principal problema de natal?
É
preciso focar na Educação. É a base de tudo, um investimento a longo
prazo. Como uma mãe vai trabalhar ou voltar a estudar se não tem onde
deixar seu filho? Precisamos de escola de tempo integral.
Outro é o transporte público: é preciso que ele tenha qualidade e atenda bem toda população.
Quais as qualidades de seu marido e porque ele é o melhor candidato?
Ele
é um educador, não tem vícios de política, tem boas propostas e um
projeto para iniciar algo que melhore a cidade, olhando-a como um todo.
Alguém que quer mudar e sonha coisas possíveis. É um marido carinhoso.
Qual o lado ruim de ter marido político?
Não vejo nada ruim, não me incomoda.
Fonte: Diario de Natal