Brasília (AE) - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rebateu as
acusações da oposição de que a Polícia Federal tem tido uma atuação
seletiva para perseguir adversários e proteger aliados do governo.
"Toda vez que a PF apura algo, os que querem defender o investigado
sempre dizem que é ação orquestrada", afirmou o ministro, assegurando
que a atuação da Polícia Federal é "republicana, autônoma e
independente de qualquer interferência política".
Wilson Dias/ABr
José Eduardo Cardozo lamenta o que considera como crítica indevida à atuação republicana da PF
"Já
ouvir dizer, às vezes até de pessoas da base aliada, que a PF estaria
atuando contra o governo e que o ministro da Justiça havia perdido o
controle da PF. Mas será que a PF deve ter controle?", indagou o
ministro da Justiça. Ele alegou que esse tipo de atuação destinada a
proteger amigos e perseguir inimigos era típica da idade média e não
dos dias atuais. "Agora, é a oposição que acusa (de perseguição)",
disse.
Segundo o ministro, no fundo o que se critica é a atuação
republicana da Polícia Federal. "Não há cores políticas nem ideológicas
nas investigações. O que há é a apuração de fatos. Portanto, podem
ficar absolutamente tranquilos: aqui não se persegue governador,
deputado ou senador por ser do PSDB, do PT, da base governista ou da
oposição. Aqui se apuram fatos", garantiu.
Cardozo disse que a
postura da PF tem se notabilizado por esse tipo de postura nos últimos
tempos. "Acho a crítica totalmente descabida, talvez vinda de pessoas
que querem fazer defesa política de uma investigação que não tem nada
de política", completou. Ele se referia às críticas feitas pelo
governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, de que a PF age
orquestradamente para prejudicá-lo.
O ministro da Justiça
concedeu entrevista após a solenidade na qual deu posse aos novos
titulares da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), Juliana
Pereira; e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade),
Vinícius Marques de Carvalho. A Senacon foi criada em maio de 2012. O
órgão coordena o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC),
formado por Procons, Defensorias Públicas, Ministérios Públicos,
entidades civis de defesa do consumidor e delegacias do consumidor. Já
o Cade, autarquia ligada ao Ministério da Justiça, começou a funcionar
com novas competências em 29 de maio, em virtude da Lei 12.529/11, que
reformulou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC).
Deputado assegura continuidade da CPI
Brasília
(AE) - O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo
(PMDB-PB), afirmou que a disputa entre tucanos e petistas não vai
atrapalhar os trabalhos da comissão parlamentar. "Não pode e não vai
inviabilizar os trabalhos", disse, ao fazer um balanço dos trabalhos da
CPI.
Vital não quis opinar se a comissão deveria reconvocar o
governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), para explicar as novas
acusações de que teria firmado um compromisso com a Delta Construções,
intermediado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, quando negociou a venda de uma mansão, em Goiânia.
O
presidente da CPI disse que o "núcleo da quadrilha" está em Goiás. "Não
sou eu que estou dizendo, qualquer criancinha sabe disso, ela nasceu
lá", afirmou. Mas ele ressalvou que esse fato não é "fator
determinante" para Perillo voltar ou não à CPI. "Não tenho convicção
disso, até porque espero o que a CPI vai analisar". Requerimento do
senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) pediu a reconvocação de Perillo. O
PT, ao contrário, defende o impeachment do governador, sem nova
passagem pela CPI.
Questionado se é recomendável que o
vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), defenda o
indiciamento de Perillo, Vital respondeu: "O Paulo me afirmou que fez
um comentário como membro da CPI, não como vice-presidente".
Vital
também se recusou a comentar o pedido de convocação de Wilder Morais
(DEM-GO), o suplente do senador cassado Demóstenes Torres (ex-DEM, sem
partido-GO). Grampos feitos pela Polícia Federal revelaram que Wilder
deveria a suplência de Demóstenes a Cachoeira. "A presidência não versa
sobre conceitos isolados de requerimentos, a presidência se pronuncia
depois de requerimentos aprovados", afirmou.
O senador afirmou
ainda que o assassinato nesta terça em um cemitério em Brasília de
Wilton Tapajós Macedo, agente da Polícia Federal que participou das
investigações da Operação Monte Carlo, não vai intimidar os trabalhos
da comissão parlamentar. "Não há nenhuma ameaça, não há nenhuma
intimidação"
Segundo o presidente da comissão, o caso está
"inicialmente" com a polícia. Ele disse ter acionado delegados da PF
destacados para atuar na CPI para acompanhar os desdobramentos da morte
do agente. Ele, contudo, não quis opinar sobre se acha que o
assassinato teria sido queima de arquivo. "Eu não posso me antecipar ao
trabalho da polícia", afirmou.
Vital apresentou um balanço dos
três meses de investigações da CPI. Foram realizadas 21 reuniões, das
quais 14 para ouvir testemunhas e outras sete de caráter
administrativo, na qual são votados requerimentos de quebra de sigilo e
convocação de pessoas. Segundo ele, 13 depoentes permaneceram calados,
nove responderam aos questionamentos dos parlamentares e outros dois,
deram depoimentos parciais.
Fonte: Tribuna do Norte