A Polícia Civil do Rio Grande do Norte realizou, somente neste ano, a
apreensão de aproximadamente 95 mil produtos falsificados. Ontem (23),
durante mais uma operação policial realizada no bairro do Alecrim, houve
reação por parte de ambulantes. Inconformados, eles realizaram uma
manifestação queimando pneus, papelão e bloquearam o trânsito nas
principais vias do bairro por cerca de uma hora. Apesar da reação
contrária, a polícia confirma que irá continuar com as apreensões e
promete “tolerância zero” contra a pirataria.
Nas primeiras horas da manhã de ontem, 50 homens da Polícia Civil, em
operação conjunta com a Guarda Municipal, efetuaram a apreensão do
material pirata. A ação de repressão ao comércio ilícito de obras
fonográficas e audiovisuais produzidas com violação de direitos autorais
foi comandada pelo titular da Delegacia Especializada de Falsificações e
Defraudações (DEFD), Júlio Costa, e conseguiu apreender cinco mil CDs e
DVDs piratas.
“Essa foi mais uma ação da polícia. Ao longo
deste ano, conseguimos realizar a apreensão de aproximadamente 95 mil
itens, entre CDs, DVDs, sandálias, bonés e outros objetos”, comentou.
Durante a ação de ontem, houve reclamação por parte dos ambulantes, mas
enquanto os policias estiveram no local, não houve confronto.
Além dos
objetos apreendidos, policiais prenderam três pessoas e apreenderam um
adolescente. Todos foram liberados e os adultos vão responder processo
por crime previsto no artigo 184 do Código Penal. Se condenados, podem
pegar detenção de três meses a um ano ou multa. A
operação de ontem ficou concentrada nas proximidades do “camelódromo”,
na avenida Coronel Estevam. Quando os policiais deixaram o local, os
comerciantes se revoltaram e protestaram no meio da rua. Inicialmente,
um grupo de aproximadamente 70 pessoas bloqueou o cruzamento das
avenidas Presidente Bandeira e Coronel Estevam. Os manifestantes
gritaram palavras de ordem e usaram objetos para bloquear completamente a
via, inclusive queimando pneus e outros objetos. Entre as palavras de
ordem, alguns diziam que “sem trabalho, eu vou roubar”.
A Polícia
Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados. Os bombeiros apagaram o
fogo e os policiais dispersaram o grupo, sem que fosse necessário o uso
de força. Mesmo assim, com o tumulto criado, comerciantes fecharam as
portas e encerram o expediente matinal mais cedo.
Quando parecia
que a situação estava controlada, um grupo menor de manifestantes se
deslocou até à praça Gentil Ferreira e, no cruzamento das avenidas Mário
Negócio e Presidente Bandeira, atearam fogo em outros objetos. Nesse
momento, o Batalhão de Choque da Polícia Militar estava no local e
acompanhou a manifestação de perto. Dois homens – aparentando serem
menores de idade – foram detidos por, supostamente, terem desacatado a
polícia e incitado a violência.
Enquanto os policiais agiam,
outros pessoas protestavam. “É um absurdo. Eu sou mãe, tenho dois filhos
para criar e não venho para cá roubar. Eu trabalho. Mas agora me sinto
um nada. Se eu fosse bandida, seria diferente”, disse a Natália dos
Santos, 29 anos. Ela vende CDs e DVDs piratas, no Alecrim, há mais de um
ano e, mesmo com a ação policial, disse que não vai abandonar o
negócio.
O trânsito e o comércio no Alecrim voltaram à
normalidade por volta das 11h30. A promessa dos ambulantes era a de que,
se a polícia continuar agindo, novas manifestações serão realizadas.
Eles disseram que vão pedir apoio ao prefeito Carlos Eduardo.