Operação da Polícia Civil estoura cativeiro em Pitangui após 37 dias de
sequestro.
"Graças a Deus que vocês chegaram". Após 37 dias de cativeiro sob o
poder de cinco bandidos essas foram as primeiras palavras ditas pelo
empresário e vaqueiro mossoroense Porcino Segundo, o Popó, 19 anos,
sequestrado no dia 17 de junho em Ceará-Mirim quando voltava de uma
vaquejada, e libertado na Praia de Pitangui, município de Extremoz,
após uma operação de policiais da Divisão Especializada em Investigação
e Combate ao Crime Organizado (Deicor) e serviço de inteligência da
Polícia Civil. A ação resultou na morte do sequestrador José Erisvan,
"Cabeção", e feriu outro criminoso, Anderson de Souza Nascimento.
Segundo a polícia não foi feito qualquer pagamento de resgate pela
família.
 Jovem de 19 anos ficava acorrentado em quarto e era ameaçado por sequestradores. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação |
Os
policiais da Deicor, sob comando da delegada Sheyla Freitas, prenderam
Bruna de Pinho Landim, 22, José Orlando Evangelista Monteiro, 42, que
foi detido na tarde de ontem no bairro de Pitimbu, e Paulo Victor de
Monteiro, 25, filho de um coronel da Polícia Militar em Fortaleza.Todos
eles integrantes de uma quadrilha cearense especializada em sequestro.
Segundo a polícia, Paulo Victor, que poder ser um dos líderes do grupo,
é acusado de matar um vereador e um policial civil em Juazeiro do Norte
(CE).
A policia é taxativa na informação de que existem outros
envolvidos no sequestro que ainda não foram presos. "Estes bandidos do
Ceará não poderiam agir sozinhos. Teve mais gente daqui que deu apoio.
Estamos investigando para efetuar as prisões", informou a delegada
Sheyla Freitas.
Durante a coletiva realizada ontem pela
Secretária Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), os
delegados encarregados pela operação não deram maiores detalhes sobre
como foi o modus operandi da polícia para se chegar ao cativeiro.
"Entendemos o trabalho das imprensa. Mas não podemos informar nossos
métodos de investigação, pois os bandidos estão cada vez mais
eficientes"
Segundo relatos do secretário adjunto de Segurança
Pública, delegado Silva Junior, que também comandou a ação, Popó não
foiferido nem sofreu agressões na hora da operação. "Ele levou apenas
alguns empurrões. Ele estava bem, aparentando tranquilidade. Estava
apenas com a cabeça raspada pelos sequestradores para não ser
reconhecido".
Correntes
 Casa usada como cativeiro fica na avenida principal de Pitangui. Foto:Caninde Soares/Divulgação |
Popó
ficou em um pequeno quarto preso por correntes, sob vigilância
constante dos bandidos que o ameaçavam cada vez que surgiam notícias
sobre o sequestro na mídia. "Se a polícia chegar aqui a gente te mata
primeiro e depois nos matamos", reproduziu Silva Jardim. Além da
corrente, a polícia apresentou duas pistolas - uma .40 e uma 9mm - e
uma submetralhadora. Também apresentou uma máscara que era usada pela
vítima durante os deslocamentos entre cativeiros e um netbook pelo qual
os bandidos acompanhavam as notícias sobre o caso.
A delegada,
que vestia uma camisa escrita "Obrigado Amigo Popó", revelou que a
família do jovem pediu para que a polícia ficasse afastada do caso
desde o inicio. "Mas era o nosso dever realizar nosso trabalho de
salvar o jovem e de prender os bandidos. E assim o fizemos. Foram dias
e noites de investigação que contou com o apoio do Poder Judiciário,
investigando desde o sequestro de Popó em Ceará-Mirim, as pessoas que
estavam no local para chegarmos à conclusão de onde ele estaria".