segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ex-secretário andava em carro de empresário que ganhou quase R$ 3 milhões com shows em Macau

Quem olhava para o Renault Sandeiro de placa NNQ 7734, que o ex-secretário de Cultura, Chico da Paraíba, circulava por Macau, não via, num primeiro instante, nenhum problema. Era um carro comum, popular. A questão é que depois que foi deflagrada a operação Máscara Negra, se descobriu que o veículo, na verdade, está registrado no nome do empresário José Romildo da Cunha, que fechou mais de R$ 3 milhões em contratos com a Prefeitura de Macau para eventos municipais e festas.
A informação foi colhida pelas investigações do Ministério Público do RN, autor da Operação Máscara Negra. “No extenso calendário festivo do Município [de Macau], o ex-Prefeito Flávio Vieira Veras, auxiliado pelo Presidente da Fundação de Cultura Francisco Gaspar da Silva Paraíba Cabral (o Chico Paráiba), possuía um campo fértil para a contratação de empresas para a locação de estruturas de palco, som, iluminação e bandas musicais”, apontou os promotores responsáveis pela investigação.
“Nesse particular, chamou atenção o fato de que o empresário local José Romildo da Cunha (um dos presos quando a operação foi deflagrada) foi contratado direta ou indiretamente com uma frequência pouco usual em um ramo com concorrência acirrada, como é o caso”, acrescentou.
“Fazendo um cálculo rápido dos valores contratados para os eventos [...], chega-se à conclusão de que o investigado José Romildo da Cunha recebeu, em relação a seis eventos a título de contratação de bandas da Prefeitura de Macau, a quantia exorbitante de R$ 2.945.120,00″, apontou o MP.
Vale lembrar que Chico Paraíba (que só deixou o cargo na administração pública depois da Operação), assim como o ex-prefeito de Macau, Flávio Veras, não foi preso no dia da operação. Isso, mesmo com o fato do Ministério Público ter constatado que os ex-gestores eram os principais articuladores do esquema. E mais: os depoimentos de alguns dos envolvidos confirmaram que os recursos saiam dos cofres públicos e voltaram para os gestores.
Deflagrada em abril, até o momento a denúncia ainda não chegou à Justiça. O Ministério Público ainda trabalha na colheta de provas e em parceria com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) para coletar informações e eventuais irregularidades.