quinta-feira, 4 de julho de 2013

Exército derruba presidente do Egito e põe chefe da Corte Constitucional no poder

O chefe das Forças Armadas do Egito, general Abdul Fattah al-Sisi, anunciou a suspensão da Constituição e a convocação de novas eleições presidenciais.

egito_praca_festa_370Em pronunciamento feito na tarde desta quarta-feira (3) na TV estatal, o chefe das Forças Armadas do Egito, general Abdul Fattah al-Sisi, anunciou a suspensão da Constituição e a convocação de novas eleições presidenciais.
Segundo Sisi, o país será governado internamente pelo chefe da Suprema Corte de Justiça do Egito – o que, na prática, representa o afastamento do presidente do país, Muhammed Morsi.
“As Forças Armadas consideram que o povo do Egito está nos pedindo apoio, não para tomar o poder ou governar, mas servir ao interesse público e proteger a revolução. Essa é a mensagem que os militares receberam de todos os cantos do Egito”, afirmou.
Logo após o pronunciamento de Sisi, manifestantes reunidos no Cairo na Praça Tahrir - palco dos protestos que levaram em 2011 à renúncia do ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak -, comemoram a saída de Morsi.
Em uma nota, a Presidência egípcia qualificou o anúncio dos militares como um “golpe militar” que deve ser rejeitado por “por todas as pessoas livres” do país, “aquelas que lutaram por uma sociedade democrática e civil.”
“Morsi, na posição de presidente e comandante supremo das Forças Armadas, pede a todos os cidadãos – civis ou militares – que respeitem a constituição e não respondam a este golpe.”
Tropas nas ruas
militares_egito_370Soldados foram mobilizados em vários pontos da capital do Egito em meio à expectativa de que o Exército divulgasse a declaração sobre o futuro do país.
Os oponentes de Morsi dizem que a Irmandade Muçulmana está tentando implantar no país um regime com características islâmicas e exigem sua saída do poder.
Ao mesmo tempo que os manifestantes na Praça Tahrir, simpatizantes de Morsi também realizavam manifestações na capital egípcia em apoio ao líder. Veículos militares foram vistos perto da principal manifestação pró-Morsi.
Nesta quarta-feira, o presidente reafirmou que não pretendia renunciar e repetiu uma oferta de criação de um governo de consenso.
Plano pós-Morsi
Funcionários do setor de aeroportos disseram Morsi e outros membros da Irmandade Muçulmanos estão agora proibidos de viajar por via aérea.
Durante todo o dia, representantes do Exército manteve reuniões com líderes políticos e religiosos para discutir a crise.
Membros do movimento Tamarod, que vêm mobilizando milhões nas ruas do Cairo para pedir a renúncia de Morsi, teriam participado das discussões. Por outro lado, o Partido Liberdade e Justiça – o braço político da Irmandade Muçulmana – teria ficado de fora.
O comandante do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi, teria se reunido com seus oficiais de alta patente nesta quarta-feira. Segundo a agência de notícias AFP, eles teriam discutido ideias para o cenário posterior à saída de Morsi.
O presidente estava sob intensa pressão para deixar o cargo após a renúncia de seis de seus ministros na última segunda-feira, incluindo o chanceler Kamel Amr.
Presidente eleito
mursi_370Morsi tornou-se o primeiro presidente egípcio com uma plataforma islâmica a ser eleito democraticamente no dia 30 de junho de 2012, após vencer eleições presidenciais que se seguiram à queda do ex-presidente Hosni Mubarak.
Mas desde que Morsi assumiu o posto, o descontentamento aumentou gradativamente no Egito. Parte da população dizia-se pouco satisfeita com as mudanças ocorridas durante o período pós-revolucionário no Egito e acusou a Irmandade Muçulmana - o partido de Morsi - de tentar proteger seus próprios interesses.
“Esse presidente está ameaçando seu próprio povo. Nós não o consideramos presidente do Egito”, afirmou Mohammed Abdelaziz, líder do Tamarod.
No entanto, Morsi e a Irmandade Muçulmana ainda tinham amplo apoio popular, e ambos os lados levaram às ruas um grande número de manifestantes nos últimos dias.
Uma multidão voltou a se reunir nesta quarta-feira na Praça Tahrir pelo quarto dia seguido.
Houve focos de violência em várias partes da capital: no mais violento deles, 16 pessoas foram mortas e cerca de 200 ficaram feridas na Universidade do Cairo, em Giza.
Desde o domingo, o saldo de mortos já chega a 39 pessoas.

Fonte: Nominuto.com

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