sexta-feira, 26 de julho de 2013

Agricultores ocupam terras de Perímetro Irrigado

Na noite da quarta-feira passada, 24, por volta das 22h, o Movimento dos Sem-terra e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi juntamente com os agricultores da região de Apodi ocuparam terras que fazem parte dos lotes desapropriados para o Perímetro Irrigado do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) na Chapada do Apodi, mais precisamente no quilômetro 69 da BR-405. A ocupação foi feita com o objetivo de resistir ao projeto do Dnocs que consiste em desocupar as áreas dos trabalhadores rurais que produzem Agricultura Familiar para que a administração desta área seja feita por cinco empresas do agronegócio.
A região da Chapada do Apodi/RN vem se consolidando como uma das experiências mais exitosas de produção de alimentos de forma agroecológica e familiar do Nordeste, destacando o arroz, frutas, criação de caprinos, ovinos e bovinos, projetos de piscicultura, além do mel de abelha, maior produtora de maneira orgânica do país. Desta forma, o projeto de irrigação configura-se em uma “reforma agrária ao contrário: “Estão tirando as terras dos trabalhadores e trabalhadoras do campo para dar pro agronegócio. Então, vamos ocupar e resistir pela Chapada do Apodi”, é o que diz Damiana (MST, Carnaubais).
Desde o ano de 2011, terras da Chapada do Apodi estão sendo desapropriadas para o Perímetro Irrigado. Centenas de famílias estão sendo expulsas de suas terras para dar lugar a um projeto que, na visão dos trabalhadores, vai destruir as comunidades camponesas e todo o trabalho da Agricultura Familiar desenvolvido na região.
Cerca de 200 pessoas estão na ocupação: homens, mulheres e crianças. Dona Francisca (Assentamento Nova Esperança – MST) garante que o número de assentados resistentes deve crescer: “Estamos esperando muitos companheiros que chegarão”. E completa: “A gente só consegue as coisas na luta”.
Dentre as associações dos assentamentos da Chapada do Apodi na resistência junto ao MST estão Laje do Meio, Nova Descoberta, Milagres, Santa Cruz, Bamburral, Sítio do Góis. Seu Titico (64 anos agricultor e apicultor), presidente da associação de Laje do Meio, Apodi, defende que: “Se é pra vir recurso do Governo Federal, então que venha pra Agricultura Familiar e não para o agronegócio que só vai poluir nossas terras, nossas águas e explorar a nossa gente”.
Ivone Brilhante, presidente da associação de Sítio Góis, fala da importância desta ação: “Desta forma nós acordamos pra luta e vamos acordar o poder público para as nossas reivindicações”. Sobre o porquê de estar lutando contra o projeto do Dnocs, Ivone responde: “Mesmo sendo assentado, a gente não está seguro, pois o governo está tirando a gente do campo pra dar as nossas terras para o agronegócio. Minha comunidade não foi desapropriada nesta etapa, mas vamos ser atingidos num futuro próximo porque nossas terras são vizinhas a Laje do Meio, por exemplo, que já foi desapropriada e não é uma cerca que vai livrar nossas hortaliças, nossa criação de caprinos, nossas abelhas do veneno que o agronegócio vai usar pra plantar lá”.
A medida de ocupação pelo MST é apoiada por diversas instituições e movimentos sociais como Marcha Mundial de Mulheres, CPT, Terra Viva, ASA, CUT, Coopervida e pelo BR-405 e impediram o fluxo de transportes a fim de dizer não ao projeto do Dnocs nas terras da Chapada. A intervenção na BR-405 faz parte do ato do Dia do Trabalhador e Trabalhadora Rural. Para o secretário do STTR Apodi, Agnaldo Fernandes, os movimentos pretendem chegar ao diálogo e numa resolução para que os homens e mulheres do campo possam continuar em suas terras produzindo Agricultura Familiar.

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