Para que o Brasil possa iniciar uma revolução no sistema de educação é
preciso que a União se responsabilize pelo ensino básico. A avaliação é
do senador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação, que esteve em
Natal na manhã desta quarta-feira durante a realização da I Conferência
sobre Educação Integral. Durante pronunciamento, o membro do Senado
defendeu fortemente a federalização do ensino, acreditando que apenas o
Governo Federal poderia solucionar a crise no sistema ao assumir todas
as escolas do país de uma só vez.
A solução apontada por Cristovam Buarque para melhorar e igualar a
qualidade da educação brasileira é tratar a educação como uma questão
“do Brasil” e não dos municípios e estados. A federalização sugerida
pelo senador consiste em duas ações. A primeira é criar uma carreira
nacional do magistério, adotando, por exemplo, o que já existe entre
professores de escolas técnicas e colégios militares: todos entrariam em
uma carreira federal, com salário pago pelo Governo Federal. A segunda
ação da proposta seria a adesão gradativa de grupos de municípios.
“Só tem um jeito de igualar as desigualdades do ensino no âmbito
municipal e estadual: a União assumindo”, disse. “Se você tem um filho
com algum problema e outro sem, apenas os pais podem igualar as duas
situações. Os pais devem tomar medidas para compensar a deficiência de
um filho em relação ao outro. É exatamente isso que deve se feito nos
5.564 municípios do Brasil. A União tem que ser responsável pelo o que
há de mais importante no país: a educação de suas crianças”, explicou o
senador.
A implantação do novo modelo, segundo o senador pedetista, seria
possível em um curto prazo de tempo. Escolas federais modernas e bem
equipadas, em tempo integral, substituiriam as atuais unidades escolares
das redes municipais e estaduais de ensino e parte das particulares.
Para Cristovam Buarque, a federalização do ensino básico se justifica
ainda em razão das desigualdades regionais, visto que Estados e
Municípios pobres tem menos condições de investir em educação que outros
governos em outra realidade financeira. “Além disso, há uma grande
diferença entre o modelo pedagógico trabalhado pelas escolas municipais e
aqueles existentes nas escolas estaduais. Deve haver um modelo único
nas duas redes de ensino, mas isso só é possível com a federalização”,
afirmou.
Membro do Conselho das Nações Unidades, órgão que calcula os Índices
de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios, Cristovam afirmou que,
apesar do Brasil ter melhorado nos índices, “ainda ficamos para trás em
relação a muitos países”. Segundo dados divulgados nesta semana pela
ONU, nos últimos 20 anos o IDH dos municípios brasileiros subiu quase
50% em média, considerando indicadores de expectativa de vida da
população, saúde, renda e educação. Porém, desses, a educação foi o
segmento que teve menor destaque.
“O Brasil tem que perder a mania de se comparar ele com ele. Temos
que comparar o Brasil com os outros países. A educação está melhorando
sim, mas há outros setores que estão melhorando mais. Nós perdemos o
sentimento de nos comparar com o resto”, disse. “Se em uma Copa do Mundo
o Brasil passa de quarto para terceiro lugar, por exemplo, ninguém fica
satisfeito. Mas com a educação a gente fica satisfeito, quando vemos
passá-lo de 89º a 80º. O Brasil não melhorou suficientemente e precisa
de uma revolução”, destacou.
Ainda segundo o senador, o que não permitiu o IDH brasileiro evoluir
mais foi a educação. “O nosso Índice não diferencia matrícula de
frequência, de assistência e de aprendizado. Hoje nossas crianças e
jovens estão apenas matriculados. Se formos avaliar a matrícula, ela de
fato melhorou muito nos últimos 20 anos. Agora quando vemos a
frequência, já não é a mesma coisa. Quando se olha a assistência, mesmo
que o aluno vá todo dia, ele fica batendo papo na sala de aula,
disperso, de costa virada para o professor. E, em última avaliação,
aqueles que ficam nas escolas não estão aprendendo como deveriam. O IDH
só irá crescer quando fizermos uma revolução na educação”, finalizou.
Fonte: Jornal de Hoje
Fonte: Jornal de Hoje
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