quarta-feira, 17 de julho de 2013

Correios paralisam as atividades na ZN por falta de condições de trabalho, estrutura e melhorias salariais


Paralisação de advertência realizada hoje teve objetivo de chamar atenção da população para condições precárias de trabalho. Foto: José Aldenir
Servidores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) interromperam o funcionamento do serviço de entrega de correspondências na manhã desta terça-feira (16). Segundo os manifestantes, a paralisação é uma advertência à direção regional da empresa e aborda em sua pauta a ausência de condições de trabalho, melhorias salariais, falta de sensibilidade gerencial e adequação da estrutura, entre outras reivindicações.
A ação, realizada em frente à única central de distribuição da zona Norte, na avenida João Medeiros Filho, no bairro Potengi, teve como objetivo levar ao conhecimento da população as condições de trabalho precárias a que os funcionários dos Correios são submetidos. Em um primeiro momento os trabalhadores iriam parar por uma hora, mas quando chegou a notícia de que a gerência regional aplicaria o corte de ponto, houve movimentação no sentido de estender o ato.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio Grande do Norte (Sintect/RN) e diretor da Federação Interestadual dos Trabalhadores dos Correios (Findect), Moacir Soares, o contingente de funcionários lotados na região é insuficiente para suprir as demandas geradas. “A zona Norte de Natal é uma área imensa, isso todos sabem. Caso fosse desmembrada da capital, seria a segunda maior cidade do Estado. Não tem o menor cabimento uma região deste tamanho ser coberta por apenas 56 funcionários e uma central de distribuição. Para efeito comparativo, a cidade de Mossoró é menor que a zona Norte, mas conta com duas centrais e mais de 70 funcionários. É humanamente impossível exercer as atividades aqui com um mínimo de qualidade. O resultado disso tudo são atrasos, reclamações e a conseqüente insatisfação da classe”, pondera o sindicalista.
Os servidores relatam que quando o serviço não satisfaz os anseios da população, quem sofre o impacto imediato é a linha de frente, ou seja, os carteiros. Para um deles, João Maria, é impossível que o serviço permaneça sendo oferecido dessa maneira. “Nós (carteiros) somos a vidraça dessa empresa. Quando uma encomenda atrasa, uma carta não chega, nós é que somos maltratados. A direção nunca está à frente para encarar os problemas de frente, a culpa sempre é do carteiro”, desabafa.
No momento do protesto, um morador do conjunto Novo Horizonte, Raimundo Bernardo, se encontrava na sede do centro de distribuição para tentar resgatar pessoalmente suas correspondências, mas não obteve sucesso na empreitada. “Faz meses que eu recebo as faturas atrasadas lá em casa, já depois do vencimento. Tem conta que só de multa por atraso são mais de R$ 80. É um absurdo que eu tenha de pagar por uma falha que não é minha. Eu resolvi vir buscar pessoalmente, para ver se pelo menos os juros diminuem, mas a gerente não recebe ninguém. Vai ser o jeito esperar em casa e pagar mais ainda pela demora”, afirma, indignado.  A reportagem tentou fazer contato com a gerente da unidade, Andréa Carmen, mas foi informada de que ela, de fato, não poderia receber ninguém.
Moacir Soares critica, também, a incoerência no emprego de recursos por parte dos Correios. “Não dá para entender como uma empresa mal aparelhada, com severo déficit nos quadros de funcionários e prestando um serviço de péssima qualidade investe R$ 15 milhões em publicidade. O que mais se vê por aí é propaganda dos Correios, mas de nada adianta tentar fortalecer a imagem sem levar em consideração o fator humano”, aponta. Segundo dados do sindicato, a ECT conta com aproximadamente 1,5 mil funcionários no Rio Grande do Norte, metade deles só na capital.
Até o fechamento dessa edição, os sindicalistas seguiam com a paralisação, pleiteando uma reunião com a direção regional da ECT. Eles apresentaram, inclusive, um ofício endereçado ao Assessor da Gestão das Relações Sindicais e do Trabalho dos Correios, João Maria Alves, em que se solicitava a reunião para hoje (16). Também foi apresentado um ofício de resposta, negando o pedido do sindicato e sugerindo que se realizasse o encontro em outra data, entre os dias 22 e 26 desse mês.
Procurada pela equipe d´O Jornal de Hoje, a direção regional dos Correios, a despeito da documentação apresentada pelos manifestantes, afirmou, através de sua assessoria, desconhecer qualquer pedido de reunião, reiterando que o canal de conversa com os trabalhadores e a imprensa está sempre aberto.

Fonte: Jornal de Hoje

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