sexta-feira, 17 de maio de 2013

MP não vai questionar aumento da passagem, mas cobra licitação

Durante o protesto, manifestantes cobraram na Câmara soluções para o aumento. Foto: Caninde Soares
Durante o protesto, manifestantes cobraram na Câmara soluções para o aumento. Foto: Caninde Soares

Os manifestantes contrários ao aumento da passagem de ônibus de Natal (de R$ 2,20 para R$ 2,40, que entra em vigor a partir de amanhã) poderão contar com a Câmara Municipal de Natal para tentar anular esse reajuste, mas não com o Ministério Público do RN. Isso porque segundo o promotor de Defesa do Consumidor, Alexandre Matos, a princípio, o órgão não deve se manifestar a respeito do aumento, uma vez que ele é baseado em custos das empresas e foi fundamentado com a apresentação de uma planilha.
Contudo, para o promotor Alexandre Matos, a questão não é apenas o valor da tarifa e sim a qualidade do serviço. Afinal, nos últimos meses, mais precisamente desde o início da gestão Carlos Eduardo Alves, do PDT, houve um aumento da reclamação dos usuários registrados na Promotoria de Defesa do Consumidor, consequência da fusão de linhas e da redução de ônibus circulando em determinados locais de Natal. Esse problema só seria resolvido, ou pelo menos amenizado, com o processo licitatório, que ainda não tem previsão para ser feito em Natal.
“A princípio, não tivemos reclamação formal aqui na promotoria sobre o aumento da passagem de ônibus, mas acompanhamos, claro, que houve todo esse protesto nos últimos dias em Natal. Porém, a secretária (de Mobilidade Urbana, a Semob, Elequicina Santos), apresentou uma planilha de custos das empresas que justificam esse aumento”, analisou, justificando o porquê do MP não se manifestar até o momento sobre o aumento da passagem.
Segundo o promotor, essa discussão está diretamente relacionada, também, ao fato de não haver um processo licitatório que tenha descrito todos os critérios dos permissionários, inclusive, o de reajuste da tarifa. “As permissões de Natal são muito precárias, com poucos artigos. O aumento é justificado com uma planilha de gastos e não está diretamente ligado a melhoria na qualidade do transporte. A Semob até tem como cobrar melhorias, mas não há nada muito especificado”, afirmou o promotor.
Com o processo licitatório, por sinal, segundo Alexandre Matos, as reclamações pelo aumento da passagem poderiam até continuar, “porque a população nunca vai ficar satisfeita com um reajuste”, mas pelo menos se teria acesso à melhoria no transporte. “Teríamos mais transparência nesse processo, tanto quando se falasse em aumento, quanto com relação a quantidade de ônibus por linha, ao atendimento a população”, apontou.
É importante lembrar que foi justamente baseado na necessidade de realização do processo licitatório que os vereadores aprovaram na sessão desta quinta-feira, na Câmara Municipal, o requerimento que anula o aumento da tarifa até que a licitação seja feita. “Vamos ver o que o prefeito faz. Não é um decreto, não é um projeto, é só um requerimento, que ele pode acatá-lo ou não”, antecipou o vereador Sandro Pimentel, do PSOL.
AÇÃO
Na manhã de hoje, porém, o prefeito Carlos Eduardo Alves sinalizou para a continuidade do aumento (leia mais sobre isso na página 8), o que criou a necessidade do “plano B” dos vereadores. “Conversei com o advogado autor da ação e ele me garantiu que está encerrando o trabalho ainda hoje (quinta) para amanhã dar entrada. Queremos, com ela, barrar o aumento das passagens”, afirmou Sandro Pimentel, ressaltando que o processo se baseia na “falta” de quatro pontos fundamentais para derrubar o aumento: de processo licitatório do transporte coletivo; de transparência nas planilhas de custos apresentados pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo (Seturn); de melhoria no transporte urbano de Natal e de discussão para concessão do aumento.

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