O presidente da CEF, Jorge Hereda, negou que erros
no sistema da instituição tenham provocado a liberação antecipada do
pagamento do Bolsa Família.
O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, negou hoje
(27) que erros no sistema da instituição tenham provocado a liberação
antecipada do pagamento do Bolsa Família. Segundo ele, o banco não
informou antes a antecipação da data de saques devido a uma imprecisão
de informações.
No último dia 18, um boato sobre o fim do Bolsa Família provocou uma
correria de beneficiários às agências da Caixa para sacar o dinheiro. Na
segunda-feira (20), o banco informou que antecipou a liberação do
pagamento para evitar tumultos devido aos boatos. No entanto, no último
dia 25, a Caixa, em comunicado, disse ter liberado os saques antecipados
do programa na véspera do início dos boatos, no dia 17, em função de
melhorias no cadastro de informações sociais.
Hoje, Hereda argumentou que a informação equivocada ocorreu em uma
situação de crise. “A Caixa não mentiu. Tivemos uma informação
equivocada com relação à data em que se abriu o sistema [de pagamento].
Foi uma informação imprecisa da Caixa, mas essa imprecisão só se
justifica pelo momento que estávamos vivendo”, declarou Hereda.
O presidente negou ter ocorrido erro no sistema de pagamento do
banco. Ele explicou que a instituição alterou o sistema de pagamento no
dia 17 por causa da atualização do sistema de cadastro de informações
sociais do governo federal, que fornece um número personalizado para
cada cidadão inscrito em qualquer programa social da União. Em
atualização desde março, o novo sistema substituiu o cadastro anterior,
em vigor desde julho de 2000.
De acordo com o presidente da Caixa, o banco identificou 692 mil
beneficiários com mais de um número no novo cadastro. Para impedir que
essas famílias ficassem sem receber o Bolsa Família, por causa dos dois
números de inscrição, a Caixa decidiu liberar o saque antecipado, sem
informar aos beneficiários.
“O cartão é associado a um número de NIS [número de identificação
social]. Como os números adicionais foram cancelados, isso poderia criar
um transtorno para as famílias que teriam o dia de pagamento alterado.
Então decidimos liberar o calendário”, explicou Hereda.
Ele ressaltou ainda que a decisão foi técnica e operacional, sem
envolver o Conselho Diretor da Caixa. Segundo o presidente, o banco não
pôde avisar as famílias com antecedência porque só soube do problema no
dia em que rodou a folha de pagamentos.
Hereda negou que as
famílias tenham recebido duplo benefício. “Não tivemos erro de sistema. A
renovação do sistema do NIS não tem nada a ver com o sistema do
pagamento do Bolsa Família. Pagamos todo mundo na folha. Ninguém recebeu
mais do que tinha previsto nem deixou de receber”, ressaltou.
No último sábado (25), o banco informou que todos os benefícios do
Bolsa Família relativos a maio tinham sido liberados na sexta-feira, 17
de maio, independentemente do calendário de saques. De acordo com o
comunicado, a corrida de saques motivada por boatos sobre o fim do
programa social só começou por volta das 13h de sábado (18). Na
segunda-feira (20), o banco revogou os saques antecipados e retomou o
calendário normal de pagamento.
O presidente da Caixa negou
que a divulgação de um comunicado admitindo a liberação do saque
antecipado, no último dia 25, tenha sido motivada por reportagem do
jornal Folha de S.Paulo, sobre beneficiários que conseguiram sacar o Bolsa Família no dia 17, antes da data programada.
Segundo Hereda, nem ele nem o vice-presidente de Governo e Habitação
da Caixa, José Urbano, haviam sido informados pela área técnica do banco
de que havia sido autorizado o saque antecipado do benefício por causa
de atualizações no sistema de cadastro social do
governo federal. Ele disse que, ao tomar conhecimento na tarde de
segunda-feira (20), determinou a apuração precisa dos fatos, que levou
cinco dias.
Na manhã de segunda-feira (20), Urbano concedeu entrevista dizendo
que o saque antecipado só tinha sido liberado no fim de semana (dias 18 e
19) para não agravar os tumultos nas agências por causa dos boatos.
“Por incrível que pareça, tudo não passou de coincidência. Tive a
informação [de que o saque antecipado estava autorizado no dia 17] na
segunda à tarde. Mandei fazer um levantamento no resto da semana e então
produzimos a nota oficial”, justificou o presidente da Caixa.
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