sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Debate é marcado por apresentação de propostas e ataques entre candidatos

                

Foto: Divulgação
Nada de agressões ou ataques. Apenas a apresentação de propostas. No papel, o discurso pré-debate eleitoral da rádio 95 FM dos candidatos ao Governo do Estado era esse. Porém, na uma hora e meia de discussão, o que se viu foi que isso ficou só no papel mesmo. Afinal, apesar de ressaltarem a todo momento a “não agressão”, os adversários trocaram farpas e acusações o tempo todo. O curioso é que, depois do programa, novamente, o discurso de “vamos apresentar propostas” foi retomado.
O candidato do PMDB Henrique Eduardo Alves, por exemplo, usou tanto o microfone da 95 FM, quanto o seu perfil oficial no Twitter para falar dos adversários. Depois de ouvir do principal adversário, Robinson Faria, do PSD, que a coligação pessedista não “tem compromisso político com sete ex-governadores e seus afilhados políticos”, o peemedebista respondeu: “Ele fala como se não tivesse falado comigo pra me apoiar. Por pouco, muito pouco ele não está neste palanque”.
Pelo Twitter, Henrique foi além. Retuitou uma mensagem que dizia “Robinson não sabe o que diz, nem diz o que sabe!” e afirmou: “Robério Paulino (candidato do PSOL ao Governo) esquece que o parlamentar é um legislador, não é executivo. Sua tarefa é criar leis”. Depois do debate, no entanto, Henrique voltou para sua postura crítica com relação aos ataques: “O eleitor não quer esse tipo de debate, com ataques, quer propostas, quer saber como vai funcionar a educação, saúde, infraestrutura”.
Henrique atacou, mas não tanto quanto Robinson e Robério Paulino, ressalta-se. O candidato do PSD afirmou, se referindo ao peemedebista: “Do que adianta uma ponte, um túnel bonito e o povo morrendo de sede?” E não foi só Henrique que foi alvo dos ataques. Robinson Faria também afirmou que Araken, candidato a governador pelo PSL, parecia “fazer parte do acordão”. Como resposta, ouviu “o senhor apoio Geraldo Melo, Lavoisier, Agripino e Wilma”.
Isso porque, conforme lembrou o candidato do PSL, Robinson apoiou, como deputado, quatro governos, inclusive, o de Wilma de Faria, que agora é candidata ao Senado Federal ao lado de Henrique Eduardo Alves. “Minha intenção não era bater em ninguém. É apresentar propostas, mas parece que os adversários foram para lá com essa intenção e tive que responder. Mas não quero seguir essa linha de quem fez isso ou aquilo, porque não leva a nada. O eleitor já sabe quem é quem”, afirmou Araken Farias, pós-debate. “O eleitor está interessado em propostas. Propostas!”, afirmou Simone Dutra.
Robinson Faria afirma: “Teremos um governo técnico, com profissionais capacitados. Vamos premiar a competência”
Por falar em propostas, elas também apareceram, apesar dos ataques tomaram um bom tempo do debate. “Não é preciso obras mirabolantes para governar bem. Do que adianta uma ponte, um túnel bonito e o povo morrendo de sede? Temos que ter sensibilidade para saber o que o povo precisa hoje” descreveu Robinson.
Questionado sobre gestão pública, Robinson destacou que o Plano de Governo da coligação PSD – PCdoB – PT é pensar o Rio Grande do Norte para os próximos 20 anos. “Teremos um governo técnico, com profissionais capacitados que irão criar projetos que terão apoio do governo federal. Vamos premiar a competência e a qualificação. A nossa coligação não tem compromisso político com 7 ex-governadores e seus afilhados políticos” conta Robinson.
Um dos candidatos perguntou a Robinson sobre as propostas no Turismo, destacando que é a favor do investimento da verba publicitária para o setor. “A cadeia produtiva do Turismo, infelizmente, foi abandonada nos últimos anos por falta do papel fomentador do Governo. O papel do governo é ser indutor, fomentador, a mão amiga do turismo. O setor deve ser tratado com atenção, com apoio estadual. O turismo tem que ser pensado para atrair turista. Hoje o turismo de eventos é o que mais atrai, mas vamos oferecer também o turismo de lazer, o turismo de esporte, o turismo gastronômico”, defendeu.
“Também vamos criar um porto seco para escoar a produção do interior. É preciso governança para recebermos os empresários e atrair empresas. É preciso acabar com esse clima hostil ao empresariado”, afirmou Araken, que prometeu ainda reduzir a incidência de ICMS, sem afetar a receita.
“A peça chave da educação é o professor. Hoje ninguém quer ser professor. Precisamos atrair os profissionais que saem da universidade. O professor hoje apanha de alunos. Ele precisa ser valorizado para encantar o aluno. Vamos, sim, elevar o salário dos professores”, ressaltou Robério Paulino.
Henrique apresenta propostas e defende a união das forças
“Sou candidato a governador. Me preparei para este momento ao longo da minha vida pública, em que fui líder do meu partido. Fui aprendendo com meus erros e meus acertos e fui amadurecendo”, disse Henrique Eduardo Alves. Ainda na sua fala inicial, Henrique lembrou que o Rio Grande do Norte vive a situação mais difícil das últimas décadas. “Nas áreas da Saúde, educação e segurança, vivemos aflição, desencanto e desestímulo”, observou o peemedebista.
Henrique utilizou todas as suas intervenções no debate – respostas, perguntas, réplicas e comentários – para tratar de soluções para os principais problemas enfrentados pelo Estado, se diferenciando de outros candidatos que partiram para comentários agressivos e até desrespeitosos. O candidato da coligação União pela Mudança voltou a destacar a importância da união das forças políticas como forma de superar o grave momento vivido pelo Rio Grande do Norte. Lembrou, ainda, que durante sua atuação no Congresso, procurou ajudar o Estado, independentemente de ter apoiado ou não o governador e que praticamente todos os municípios do Estado foram beneficiados com obras e serviços que contaram com a sua atuação parlamentar.
SEGURANÇA PÚBLICA
No segundo bloco do debate, em que foi mantida a ordem do primeiro bloco, Henrique Eduardo Alves foi o primeiro a responder a perguntas feitas pela equipe organizadora do evento, sobre cinco temas: Segurança, Educação, Saúde, Infraestrutura e Economia. O peemedebista optou por responder a uma pergunta sobre segurança pública.
Diante da pergunta “O senhor conhece a realidade da segurança pública?”, Henrique Alves apresentou um rápido diagnóstico: “Basta andar pelo Estado, e eu tenho andado muito, para comprovar que a segurança pública vem deteriorando. Natal se tornou nos últimos quatro anos uma das cidades mais violentas do País”.
O peemedebista apontou a necessidade de maior interação entre as forças de segurança e garantiu que no futuro governo o gabinete do governador fará o acompanhamento da gestão e de todas as ações na área da segurança pública. Henrique afirmou que será necessário estabelecer estado de emergência na área da segurança, realizar operações emergenciais ao longo de seis meses e fazer uma convocação à população para que ela possa participar e contribuir com o esforço do governo.
Lembrando que os jovens são as principais vítimas da violência e que a insegurança é um desrespeito à população, Henrique anunciou que haverá planejamento de ações, ocupação das áreas mais afetadas e estímulo aos que atuam no setor. “As diárias operacionais estão atrasadas há seis meses”, observou.
Diante do comentário agressivo feito pela candidata ao governo pelo PSTU, Henrique pediu respeito à sua trajetória na vida pública do Estado e do País. “Quem tem 11 mandatos de parlamentar tem o respeito do povo do Rio Grande do Norte. Esta postura raivosa e radical não conquista um mandato nunca. Quero saber se a Oposição pode colaborar, se não for raivosa e desesperada. Quanto melhor a Oposição, melhor o governo”, comentou.
EDUCAÇÃO
Ao comentar uma fala do candidato do PSOL sobre a área da Educação, Henrique Alves defendeu que é preciso elevar os índices da Educação Básica (Ideb) através da valorização dos professores, com monitoramento e planejamento das ações com o propósito de ajudar a melhorar o aproveitamento por parte do aluno. O atual presidente da Câmara dos Deputados lembrou ter articulado junto ao Governo Federal a aprovação, no Congresso Nacional, do Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece a aplicação de 10% do PIB na área da Educação nos próximos dez anos, tendo como uma das metas fazer com que pelo menos 50 por cento das escolas passem a funcionar em tempo integral, com estímulo ao ensino profissionalizante.
RECURSOS HÍDRICOS
Em pergunta e réplica ao candidato do PSOL, Henrique destacou o esforço, como deputado federal, para garantir a retomada do projeto de construção da Barragem de Oiticica, na região Seridó. Ele defendeu a interligação dos principais reservatórios do Estado por meio de sistema de adutoras que ajude a perenizar os rios e garantir o volume adequado dos açudes, dando sustentação econômica às diversas regiões e garantindo o fornecimento de água para consumo humano e irrigação. Henrique lembrou que o projeto de Oiticica representa investimento da ordem de R$ 54 milhões e destacou a importância da multiplicação de perímetros irrigados como o da Chapada do Apodi, que alcançará uma área de 10 mil hectares.
CESSÃO DE POLICIAIS
Ao responder a uma pergunta feita pelo candidato do PSL, Henrique disse que a cessão de milhares de policiais é uma das questões a ser enfrentadas no futuro governo como forma de melhorar a área da segurança pública. Ele ressaltou que o número de policiais militares, em vez de aumentar, decresceu nos últimos quatro anos no Rio Grande do Norte. Henrique voltou a garantir que será adotado um tratamento de choque e emergencial para dar à população a sensação de segurança que hoje é de impunidade. Defendeu, também, a busca de parcerias público-privadas e o apoio e investimentos de organismos internacionais. “Este caos precisa ser enfrentado com muita responsabilidade”, arrematou.
CONTRA O RADICALISMO
Nas suas considerações finais, Henrique Eduardo Alves criticou o radicalismo político que contribui para atrasar e isolar o Rio Grande do Norte. Argumentou que o Estado precisa avançar, deixar de olhar pelo retrovisor, buscando parcerias, formando talentos e equipes e que o momento atual do Rio Grande do Norte exige responsabilidade e maturidade dos que atuam na vida pública.
O candidato a governador lembrou que Robinson Faria, o vice-governador de Rosalba Ciarlini, fala e crítica um suposto acordão, mas “esqueceu” que conversou em duas oportunidades com o próprio Henrique para tratar de aliança eleitoral e que poderia, hoje, estar no palanque que tanto critica, ao lado dos ex-governadores que apoiou no passado.

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