Daniel Alves foi o primeiro a deixar o vestiário, e o zagueiro, mais abalado de todos, o último. Meia, que ouviu pedido de Felipão para não chorar no campo, disse: 'Impossível'
Antes de os atletas entrarem no túnel, chamou atenção o pedido de
Felipão ainda no centro do campo para Oscar não chorar na roda em que,
atordoados, os jogadores tentavam entender o que tinha acontecido. David
Luiz, depois, desabou. Foi acalmado por Thiago Silva, que chegou a
empurrar o assessor de imprensa que iria levar o companheiro a um
repórter.
Os aplausos do time à torcida foram retribuídos, em grande maioria,
por vaias antes da entrada no vestiário. Por um longo tempo, com José
Maria Marin e Marco Polo Del Nero, todos ficaram dentro do vestiário do
Mineirão. A conversa foi para se tomar cuidado nas entrevistas para não
se eleger culpados.
Eles demoraram muito mais do que o comum para sair do estádio. Daniel
Alves foi o primeiro, deixando claro que disputar o terceiro lugar,
agora, é só uma obrigação que nenhum deles gostaria de cumprir. David
Luiz, o último, era o mais abatido. O que mais sentiu o baque. Os olhos
ainda estavam vermelhos e a fala alegre tradicional deu lugar a uma voz
baixa. Estava arrasado, pedindo desculpas aos brasileiros.
“O que eu mais queria nessa competição era alegrar o meu povo, minha
gente. Não consegui dar o sonhado Hexa. Espero ter oportunidade no
futuro. Nunca fugi de nada, sempre tive caráter em todos momentos”,
disse David.
Oscar quase voltou a chorar ao ser questionado sobre o pedido de Felipão para segurar as lágrimas.
“Impossível não chorar numa hora dessas. Não tem o que falar… Jogamos
mal. Perdemos feio” afirmou. A voz embargou, e o meia saiu.
A sensação era de que todos ainda estavam anestesiados pela surra,
que já tinha virado realidade horas antes, no primeiro tempo. Julio
Cesar, o mais experiente, não fugiu dos questionamentos. Aos 34 anos,
confirmou ter sido sua última Copa. O trauma de 2010 não foi sanado com
um título.
“Hoje não estou aos prantos porque amadureci em quatro anos. Mas o
sentimento é o mesmo. Sair tomando sete gols, em casa… Até se fosse por 1
a 0. O que interessava era o título, para engrandecer o que foi feito.
Foi uma Copa do Mundo maravilhosa até agora. Foi minha última Copa”.
Thiago Silva falou uma única vez: ciente do tamanho da vergonha que a
Seleção Brasileira passou. E o que mais foi tratado dentro do
vestiário?
“Nessas horas, algumas coisas que se falam lá dentro precisam morrer lá dentro”, resumiu Dante.
Fonte: lancenet
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