quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Entidades endossam pedido de intervenção na saúde Conselho Federal de Medicina e Federação Nacional dos Médicos apoiam intercessão federal na saúde

Cidades

A visita do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HWG), na manhã de ontem, reiterou a posição firme dos prestadores de serviços de saúde de que o caos está instalado no atendimento de urgência e emergência em saúde do Rio Grande do Norte. "A questão passou dos limites. Estamos aqui não apenas para constatar, mas para fazer parte do relatório que será enviado tanto ao Ministério da Saúde quanto a órgãos internacionais", declarou Aloízio Tibiriçá, 2º vice-presidente do CFM. "O que está acontecendo aqui é pior que ocorria no antigo Vietnã ou no Afeganistão e na Faixa de Gaza. Centenas de pessoas, crianças, no chão. É vergonhoso", completou José Murissett, membro da Comissão de Direitos Humanos da Fenam.

Entubada em uma maca no chão, Josefa Cabral agonizava sob as vistas dos médicos durante visita ao Walfredo Gurgel. Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press


Os representantes das entidades médicas nacionais também criticaram a falta de investimentos em saúde no Estado. "O Ministério da Saúde repassa para o Rio Grande do Norte o dobroda verba que o Estado disponibiliza para a saúde. Em 2011 foram repassados R$ 850 milhões, e apenas metade disso foi investido na saúde. Enquanto órgão financiador, o MS precisa gerenciar melhor os investimentos das autoridades locais", afirmou Tibiriçá.

Ele afirmou ainda que todos os caminhos possíveis estão sendo traçados para amenizar a situação. "O caminho judicial tem sido trilhado pelas entidades médicas, e inclusive há ganhos, mas não têm sido suficientes. Defendemos que uma intervenção federal é necessária. Tomamos conhecimento de que o Governo tem um Plano de Ação e que deve ser posto em prática".

José Murisset, por sua vez, foi mais detalhista com relação à situação dos pacientes e as condições de trabalho no HWG. "O que nós vimos neste hospital é uma agressão aos direitos universais da pessoa humana. Gente que está ai há meses, dias, algumas para fazer procedimentos simples. Não aceitamos isso. Viemos aqui para levar isso adiante, inclusive a organismos internacionais. O Estado empurra o problemapara o município, e o município para o Estado. A União diz que colaborou. Não entendemos como se chegou a esse caos", opinou.

O representante da Fenam lembrou ainda que a situação pode se tornar insustentável, e "não é admissível", especialmente por ser Natal uma cidade que vai sediar um evento como a Copa do Mundo em 2014. "É inadmissível que num estado com tantas e destacadas lideranças políticas em nível nacional a situação chegue a esse ponto. A Federação vai denunciar, vai levar isso adiante. Podemos levar isso, inclusive, à Comissão de Direitos Humanos da ONU".

Direção
A diretora do Walfredo, Fátima Pinheiro não foi encontrada, mas disse aos visitantes que o problema é burocrático, e também lembrou que o atendimento na rede básica, prestado pelo município, se agrava por causa da greve dos servidores municipais e do fim do contrato com as cooperativas médicas e dos anestesiologistas. Além disso, os médicos da rede estadual estão em greve.

O Cremern pretende elaborar o relatório que será enviado ao MPFe à Corte Interamericana de Direitos Humanos na próxima semana. "Cogitamos até fazer denúncias nos dois níveis, no Ministério da Saúde. Trouxemos os representantes da Fenam e do CFM para que eles pudessem constatar que estamos lidando com um problema grave de saúde pública nacional", declarou o presidente do Cremern, Jeancarlo Cavalcanti.

 Fonte: Diario de Natal

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