segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Candidatas não descuidam da beleza na hora de pedir voto

Elas são apenas 26 entre os 192 candidatos às prefeituras das capitais brasileiras. Optaram pela política, são engajadas e articuladas, e algumas chamam a atenção tanto pelas causas que lutam quanto pela beleza. As musas da eleição 2012, no entanto, não são unânimes em dizer que a qualidade de bela ajuda na política. Sempre citada como uma das mais belas deputadas do Congresso Nacional, a gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB), segundo lugar na corrida eleitoral em Porto Alegre (RS), argumenta que a valorização da beleza nas candidatas mulheres sempre a atrapalhou.

- Apesar de já ter conquistado dois mandatos na Câmara e exercido o mandato de vereadora na capital gaúcha, tenho sempre que provar minha competência. Critério de beleza é muito subjetivo - dispara Manuela. - O que existe é uma distorção da representatividade da política em relação à vida real. As candidaturas de mulheres, de qualquer partido, simbolizam uma tentativa de aproximar a vida real da vida política.

Dentro do PCdoB, Manuela concorre com outras duas camaradas pelo título de mais bela nas eleições municipais: A deputada estadual Ângela Albino, candidata em Florianópolis, e a senadora Vanessa Grazziotin, que disputa a prefeitura de Manaus.

Manuela conta que teve de se afastar das caminhadas e das aulas de boxe, por causa da agenda de campanha. Faz yoga - “para manter a tranquilidade” - e acupuntura, uma vez por semana. Por causa das gravações do horário eleitoral, toma mais cuidado com a pele e mantém um conjunto de camisas separado, para não fazer feio na televisão.

- TV mostra absolutamente tudo. Tenho que tomar mais cuidados com a pele, já que não uso maquiagem no dia a dia. Outra preocupação é com as roupas dos programas: as blusas são em tons mais claros, para não brigar com o cenário laranja.

Belas entre feras

Clarissa Garotinho (PR), que já foi comparada à personagem Bela, da fábula “A Bela e a Fera”, devido à chapa formada no Rio de Janeiro para ser vice-prefeita do candidato Rodrigo Maia (DEM), assume que freqüenta academia de ginástica. Quando não está em época de campanha, malha todos os dias. Atualmente, se contenta em fazer exercícios duas vezes por semana e não dispensa a ida ao salão de beleza cuidar do cabelo e das unhas.

- Sou vaidosa na medida certa, sem exageros. Gosto de estar bem comigo – confessa.

Clarissa revela que costuma engordar quando está em campanha. Por ser simpática, bem articulada, toda hora é convidada por seus eleitores a fazer um lanche aqui e a comer um salgadinho ali. Não consegue fazer desfeita, principalmente quando servem cachorro-quente. Chocólatra assumida, do tipo que devora uma caixa de bombons sozinha, ela tem consciência de que a beleza abre portas, mas que não é o mais importante.

- Importante num candidato são ideias, as propostas e a capacidade de apresentar soluções para a cidade. E não vejo problema se minha aparência ajuda na aproximação com o eleitor. Muito pelo contrário.

Outra que costuma ouvir elogios dos eleitores é a candidata à prefeitura de São Paulo Soninha Francine (PPS). Aos 45 anos, Soninha dispensa a modéstia, diz que se considera bonita, mas é bastante franca ao dizer que em algumas situações a beleza pode criar uma desconfiança inicial.

- Muita gente acha que só por se tratar de uma mulher bonita, ela não vai ter capacidade para exercer determinada atividade. Puro preconceito.

Soninha não tem dúvidas de que a beleza abre caminhos e diz que cansa de ouvir elogios ao avesso, do tipo “puxa, você é inteligente”. Ela diz também que tem zero de vaidade, que gostaria de fazer mais exercícios além de pedalar e sente falta da época em que jogava futebol.

- Eu era um moleque que jogava bola na rua com os meninos.

Ela diz que as mulheres, independentemente de estarem vestidas de jeans e camisetas ou vestidos de grifes, têm características inatas para a política, sabem da luta e da dificuldade que elas tiveram para conquistar seus direitos e que não se pode menosprezar a participação masculina para que tenhamos uma sociedade mais justa.

- A história de luta das mulheres é muito mais que simples vaidade. Tivemos que desafiar nossos pais, nossos irmãos mais velhos. E isso foi transferido para a política, onde o homem é o instante, o imediato, o ímpeto, enquanto nós, mulheres, somos a gestação. E esta combinação é ótima.

“Candidata também é o que veste”, diz consultora de moda

Para a consultora de moda Chris Pitanguy, a roupa que a candidata usa diz muito sobre o que ela é, e como ela pensa.

- A imagem é construída pelo que a candidata veste, como se porta, e o que fala. Beleza mais ajuda que atrapalha, porque todos gostam de ver pessoas bonitas e bem arrumadas.

A consultora recomenda as candidatas a investir em um visual clássico, mas com cores alegres, para atrair o eleitorado. Roupas muito informais podem facilitar a rotina de campanha nas ruas, mas não são recomendadas para a gravação do horário eleitoral na TV, por exemplo:

- Usar calças jeans, camisa de botão e tênis no dia a dia da campanha é mais confortável, já que são inúmeros compromissos, caminhadas, panfletagens. Mas na TV, jamais. Credibilidade só se passa com roupa mais séria, nunca com jeans, minissaia ou blusa mais aberta.

A consultora também recomenda que a maquiagem deve ser usada com parcimônia, e que os cabelos sejam arrumados de forma mais “natural” possível:

- Não pode aparecer com o cabelo muito montado, “laqueado”... o visual mais montado, mais “perua” atrapalha na hora de pedir votos.


Da Agência O Globo

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