segunda-feira, 2 de abril de 2012

Integrantes do MST liberam trechos da BR-406

Duas decisões judiciais favoráveis à reintegração de posse  aos proprietários das Fazenda Livramento e Gaia, em Taipu e Ceará Mirim respectivamente, motivaram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a interditar por mais de seis horas, na manhã desta segunda-feira, dois trechos da BR-406.
Farias Silva, líder da manifestação próxima a Ceará-MirimFarias Silva, líder da manifestação próxima a Ceará-Mirim

A obstrução do tráfego do veículos a partir do km 125, já na área urbana de Taipu e do km, 156, próximo ao distrito de Maçaranduba, em Ceará Mirim,  também tinham a finalidade de pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a apressar a desapropriação das duas fazendas.

Os dois trechos foram liberados ao tráfego de veículo depois do meio dia. O primeiro trecho a ser desobstruído, com a retirada dos galhos de árvores e pneus queimados, foi em Taipu, depois que o juiz José Ricardo Arbex comprometeu-se a mandar um oficial de Justiça para averiguar a situação do acampamento de 850 famílias, localizado a margem da rodovia estadual que liga Taipu à Pureza. O segundo trecho foi liberada meia-pista o por volta de 13:15, depois que o MST seguiu para negociação no Fórum Judiciário de Ceará Mirim.

Durante a negociação com o MST, o juiz José Arbex, que é da Comarca de Poço Branco, mas está atuando na Comarca de Taipu, que se encontra vaga em virtude da remoção do titular pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, disse que ia tomar uma decisão "de meio  termo", desde que os manifestantes e o pessoal que está acampado na Fazenda Livramento, "não aceitem provocações", como chegaram a insinuar que estariam sendo ameaçados pelos proprietários da fazenda, onde funcionava a Destilaria Bela Vista e que hoje encontra-se desativada.

Arbex ainda se comprometeu a realizar uma audiência com representantes do Ministério Público para reavaliar a liminar concedida aos proprietários da Fazenda Livramento durante suas férias por uma juíza substituta.

O MST reivindicava o direito de permanecerem acampados, já que não tinham invadido a área privada da fazenda. O superintendente regional do Incra, Valmir Alves, também esteve no local para negociar com os trabalhadores rurais sem terra, afirmando que  tudo "está dependendo do levantamento cartorial" da área, estimada em  dois mil hectares.

Já em relação a Fazenda Gaia, onde existem pelo menos 150 famílias acampadas, Valmir Alves explicou que se trata de uma área média e o Incra está levantando se os proprietários têm outro imóvel no estado do  Espírito Santo: "A desapropriação só vai ocorrer se for constatado que existem mais de uma fazenda em nome do proprietário".

De acordo  com  o  Incra, existem no Rio Grande do Norte, atualmente, 21 propriedades que estão sendo alvo de vistorias para fins de desapropriação e reforma agrária, das quais seis já estão em processo de vistoria. Alves informou que as "as últimas desapropriações no Estado", em número de quatro, "ocorreram no ano de 2010".

Representante do MST, Farias Silva, disse que a manifestação também foi uma advertência contra a violência que estão ocorrendo contra os sem terra, como o que houve em fevereiro deste ano, "quando passaram com um trator por cima do  material da gente em Touros".

Enquanto perdurou a interdição da BR-406, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) orientou os motoristas que ficaram impedidos de seguirem viagem. "O que for de questão de saúde está tudo liberado", referiu-se o policial rodoviário Olinto Neto, ao fato de que o MST só estava deixando passar pela barreira apenas as ambulâncias e veículos que estivessem transportando pessoas doentes.

O técnico em Edificações Ernandes Freitas disse que chegou primeiro no trecho interditado em torno das 6 horas da manha. O  amigo Gilberleno Moura afirmou que passaram dois carros, "mas não deu tempo" passar com o dele, foi então que pegou um atalho pela localidade de "Serra Pelada", mas quando chegou adiante, em Maçaranduba, não pôde seguir adiante: "Bote ai jornal, pelo menos o meu chefe vai saber porque cheguei atrasado ao trabalho", disse Moura, que já tinha dormido e lanchado dentro do carro à espera da liberação da rodovia federal pelo MST.

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