O novo presidente da Petrobras, Pedro
Parente, destacou a importância do ex-presidente Aldemir Bendine para
fortalecer a estatal, durante cerimônia de transferência de cargo
realizada na manhã de ontem no Edifício Sede da Companhia. De acordo com
ele, a equipe deve agora aperfeiçoar o trabalho de governança
conquistado e se guiar exclusivamente pelo retorno econômico e
financeiro. Em coletiva de imprensa, após a cerimônia de posse, ele
apontou que a função social da Petrobras é “explorar, encontrar e
colocar para produzir campos de petróleo”, para indicar depois que a
“busca da função social não pode se dar com prejuízo da responsabilidade
financeira e econômica”. O ex-ministro da Casa Civil do
governo Fernando Henrique Cardoso disse que a Petrobras “foi vítima de
uma quadrilha organizada para obter os mais escusos, antiéticos e
criminosos objetivos”. A “condição de vítima”, contudo, apontou, “não
pode ser encarada como sinônimo de passividade”.
O desafio de assumir a presidência da
estatal, para Parente, é um dos maiores de sua vida, junto com a crise
do apagão de 2001. Ele recebe a responsabilidade em meio à organização
de atos de petroleiros e outros segmentos, contra o que seria um
processo de privatização da empresa brasileira. Parente declarou que
conhece a resistência das organizações sindicais, e que diálogos serão
firmados desde que imbuídos com o mesmo propósito de reconstrução da
empresa. O presidente do Conselho de Administração, Luiz Nelson Guedes
de Carvalho, que ressaltou na solenidade de transferência de cargo que é
amigo pessoal de Pedro Parente, frisou que a estatal não deu uma
resposta formal ainda aos petroleiros. “Muito me alegra saber que os
petroleiros estão preocupados com os prejuízos da Petrobras, se tivessem
esse compromisso há mais tempo teria sido melhor.”
Uma das estratégias da Petrobras é
seguir com o plano de desinvestimentos, mas Parente não quis detalhar os
passos que devem ser adotados daqui para frente. Ele defendeu ainda o
projeto de lei que retira a obrigatoriedade da participação da Petrobras
no pré-sal, aprovado no Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados,
o qual apontou como “essencial”. Ele defendeu que a lei atual não
atende aos interesses da empresa nem do país. “Com a nossa corrente
situação financeira, se essa exigência não for revista, a consequência
será retardar sem previsão a exploração plena do potencial do pré-sal.
Mas a razão mais relevante tem natureza estrutural: essa obrigação
retira a liberdade de escolha da empresa de somente participar na
exploração e produção dos campos que atendam o seu melhor interesse”,
apontou durante a cerimônia.
Parente destacou a trajetória da empresa
para conquistar a independência externa brasileira, frisando que hoje o
“objetivo é outro”. “Não há quem discuta nossa excelência técnica e de
seus quadros. A descoberta e a produção do pré-sal são o coroamento
desses esforços. Mas a Petrobras é hoje uma companhia que não pode se
negar a enfrentar com determinação e transparência os problemas que
estão a sua frente. A indústria do petróleo passa por transformações
produtivas com um mercado global vivendo incertezas.”
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