O Disque Direitos Humanos (Disque 100) recebeu 21.021 denúncias de
violações de direitos humanos de crianças e adolescentes no primeiro
trimestre deste ano. Os números representam uma queda de 1,6% em
comparação ao mesmo período do ano passado, informou hoje (18) o
ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
(SDH/PR), Pepe Vargas. Em relação ao perfil, 45% das vítimas eram
meninas e 20% tinham entre 4 e 7 anos.
“Ainda é um número
muito elevado", disse o ministro. Segundo ele, as principais denúncias
são negligência e violência física, psicológica e sexual. "O mais grave é
que, em 58% dos casos de violação dos direitos, os suspeitos são pais
ou mães. Isso revela o quanto ainda temos de caminhar para uma cultura
de respeito aos direitos das crianças e adolescentes”, destacou o
ministro, durante o lançamento oficial da campanha “18 de Maio - Dia
Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes”.
Sobre os casos de violência sexual, o Disque 100 registrou 4.480
denúncias, o que representa 21% do total de violações entre janeiro e
março. A maioria dos casos (85%) é de abuso sexual. De acordo com o
ministério, esse crime ocorre quando o agressor, por meio de força
física, ameaça ou sedução, usa crianças ou adolescentes para a própria
satisfação sexual.
Para Pepe Vargas, há uma banalização da
violência na sociedade brasileira. “Temos de pensar em um debate em
relação aos meios de comunicação. A gente ainda vê programas e até
desenhos infantis que, de certa forma, estimulam a violência. Precisamos
combater essas formas dissimuladas de incentivo à violência.”
Coordenadora do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual
contra Criança e Adolescente, Karina Figueiredo, esclareceu que mais de 4
mil municípios terão atividades esta semana. “O objetivo é mobilizar e
sensibilizar a sociedade para o tema, de modo que as pessoas não fiquem
caladas diante de situações de abuso e de exploração. Os professores têm
de ter um olhar mais apurado, os pais mais atenção e as crianças
precisam aprender a se proteger", explicou Karina.
O Dia Nacional
de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
foi instituído com a aprovação da Lei Federal nº 9.970/2000. A data foi
escolhida porque, em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES), a menina
Araceli, de 8 anos, foi raptada, drogada, estuprada, morta e
carbonizada.
Um dos parceiros da campanha é o projeto da Caravana
Siga Bem, que conta com duas equipes e quatro caminhões que, em nove
meses, percorrerão 110 municípios de Norte a Sul do país. A proposta é
conscientizar caminhoneiros e a população sobre a violência doméstica
contra mulheres e a exploração sexual de crianças e adolescentes.
“Os
caminhões viram palcos para teatro e música, além de promover serviços
de saúde e palestras. É um trabalho de conscientização para os
caminhoneiros, que podem ser nossos olhos na estrada. Eles apoiam no que
tentamos passar com as palestras e o espetáculo, que é uma forma lúdica
de transmitir a mensagem de combate à violência”, concluiu o
coordenador de Responsabilidade Social da Caravana Siga Bem, Gustavo
Curti.
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