domingo, 24 de março de 2013

Garibaldi Filho afirma que mudanças não garantem reversão do desgaste


As indicações políticas do PMDB ao Governo do Estado podem não ter sido suficientes para amenizar o clima de indisposição de alguns peemedebistas, já levantada na edição desta sexta-feira d’O Jornal de Hoje. Em entrevista exclusiva, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, principal líder do partido no Rio Grande do Norte, confirmou que as indicações dos novos gestores não foram exclusividade do PMDB. E mais: ele não acredita que só com elas a gestão estadual poderá mudar a situação de crise que vive após pouco mais de dois anos de administração.
“Não acredito que seja absolutamente suficiente”, acrescentando que foram “apenas três mudanças de setores estratégicos”, ressaltou o ministro Garibaldi Filho, durante o evento de homenagem pelos 47 anos de PMDB na Câmara Municipal de Natal, também nesta sexta-feira. A declaração confirma a tese de que, apesar de Henrique, aparentemente, ter mudado a análise crítica quanto ao governo do DEM no Estado, o ministro se mantém mais cético a respeito do futuro da gestão estadual.
Garibaldi Filho, por sinal, afirmou que não pretende nem mesmo interferir na gestão estadual, tampouco, fazer qualquer intervenção na administração dos novos gestores que, em tese, teriam sido indicações peemedebistas. Foram mesmo? As mudanças “foram feitas dentro daquele clima de consenso” entre os partidos, explicou o ministro, dividindo a responsabilidade pelas escolhas de Luiz Roberto Fonsenca (para a Secretaria Estadual de Saúde Pública), Leonardo Rêgo (Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e Júnior Teixeira (Agricultura).
É importante lembrar que Garibaldi Filho não participou da posse dos novos secretários, ocorrida na quinta-feira, na Escola do Governo, no Centro Administrativo. Por sinal, nem toda a bancada do partido na Assembleia Legislativa foi. Deputados estaduais como Walter Alves, filho de Garibaldi, e Nelter Queiroz, que recentemente fez várias críticas a gestão estadual e recomendou que o PMDB tivesse candidato próprio em 2014 (não querendo nem mesmo o apoio de Rosalba no futuro palanque) não prestigiaram o evento da base aliada.
Claro que é necessário ressaltar o outro lado: o PMDB de apoio a Rosalba. Afinal, se de um lado Garibaldi, Walter e Nelter podem ter dado demonstrações que não estão compartilhando do sentimento pró-Rosalba, Henrique Eduardo Alves deu sinais de que, realmente, mudou de opinião.
Se há duas semanas o deputado e presidente da Câmara Federal classificou o governo Rosalba como isolado, centralizador e concentrador, agora, depois de ter acompanhado a governadora em viagens à Brasília e da reunião do Conselho Político (sem a presença da gestora), onde foram indicados os nomes dos novos secretários, garantiu que “a posição do PMDB é estar aqui, nesta noite dando as mãos não à governadora”.
Além de Henrique, esteve presente ao evento, também, o deputado estadual Hermano Morais, peemedebista que já até defendeu que o partido tivesse candidatura própria ao Governo do Estado em 2014.

Walter Alves: apoio é ao Estado, não ao Governo
Para o deputado estadual Walter Alves, filho do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, a situação entre PMDB e DEM no Governo do Estado está muito clara: os peemedebistas vão continuar ao lado da gestão Rosalba Ciarlini, mas exclusivamente para ajudar o Rio Grande do Norte. Ou seja, os feitos que o partido pode conseguir para o RN e os eventos do Governo em que ele estiver presente não garantirá, necessariamente, a união dos dois no pleito de 2014. Bom, pelo menos, foi isso que o parlamentar afirmou em entrevista aO Jornal de Hoje durante sessão solene em homenagem ao PMDB na Câmara Municipal de Natal (CMN).
“Temos o presidente da Câmara, Henrique Alves, temos um ministro de Estado prestigiado (Garibaldi Filho) com nossa presidenta Dilma, temos uma banca federal respeitada. Então, temos que aproveitar esse momento não para ajudar o Governo, mas para ajudar o Estado”, afirmou Walter Alves, fazendo questão de separar o apoio ao Rio Grande do Norte do apoio a gestão Rosalba Ciarlini, que ele mesmo já criticou em outros momentos.
Por sinal, ao falar que do que o PMDB tem – o presidente da Câmara Federal e um ministro de Estado – Walter Alves ressaltou também que o RN se destaca como um dos estados mais influentes do Brasil. “Acho que o Rio Grande do Norte, que é pobre, representa apenas 0.9% do PIB do Brasil, mas ao mesmo tempo temos hoje, talvez, uma das maiores forças políticas de todos esses estados”, analisou.
De volta à relação PMDB – DEM no RN, o fato do partido de Walter continuar ao lado do Democrata na administração estadual não significar uma união política pode ser medida pelo fato de, entre os peemedebistas, a eleição de 2014 ainda ser considerada uma incógnita.

Afinal, se estivesse tudo bem na base aliada, com a recém indicação do PMDB aos cargos da gestão Rosalba Ciarlini, a relação entre os dois partidos deveria estar a mais próxima possível. Contudo, não é isso que se aparenta. “Na minha opinião, este ano ainda está muito cedo para se comentar isso. Essa ascensão de Henrique como presidente da Câmara ele tem que ajudar o Estado, como de fato vai ajudar, já anunciando obras importantes, como a duplicação da BR-304 e tantas outras obras. Eu defendo que nos possamos ajudar o Estado, a questão política deixa para o próximo ano”, afirmou Walter Alves, inaugurando um discurso que foi repetido por outros peemedebistas durante o evento.
É importante lembrar que a postura crítica de Walter diante do Governo não é recente. No ano passado, por exemplo, ele criticou publicamente a administração do DEM no que diz respeito a falta de segurança pública no Estado e, também, a lentidão em aprovar uma lei de sua autoria que daria mais qualidade de vida – e independência – aos deficientes visuais (colocação de leitura em braille nas contas de luz).
De qualquer forma, se faltam discursos que ressaltem que houve uma união também política na relação PMDB e DEM, sobram aqueles que tratem da “boa relação” administrativa como sendo “o melhor para o Estado”. Durante a posse dos novos secretários, na tarde de quinta-feira, os democratas ressaltaram que o Rio Grande do Norte não poderia perder esse importante momento político que vivencia em nível nacional. A parceria administrativa, onde o PMDB conseguiria os recursos e o DEM executaria as obras, com os dois, teoricamente, levando o crédito por isso, foi repetida várias vezes.
Em seu discurso, por exemplo, o deputado estadual Getúlio Rêgo, líder do DEM na Assembleia Legislativa, ressaltou que o Rio Grande do Norte não poderia desperdiçar esse momento político, porque a próxima geração poderia não ter essa mesma oportunidade. Ele foi um dos que ressaltou que os dois partidos continuam unidos, pelo menos, no caráter administrativo. (CM)

Eventos de março demonstraram força do PMDB no Estado
Se houvesse um prêmio para o partido que demonstrou força neste mês em nível local, dificilmente alguém tiraria o troféu das mãos do PMDB. Não era para menos. Em março, os peemedebistas fizeram grandes eventos que, além de comemorar os vários anos de história do partido (faz 47 anos neste final de semana), também demonstraram a sua força e ressaltando que o Rio Grande do Norte, com ele, está mais influente no cenário nacional.
Para contextualizar isso, é preciso voltar ao início do mês, quando empresários e federações locais fizeram um jantar em homenagem ao deputado Henrique Eduardo Alves, que no mês anterior foi eleito o presidente da Câmara Federal, em Brasília. No jantar, peemedebistas de vários tempos e linhas de atuação. Desde os mais radicais, que defendem candidatura própria do partido em 2014, a aqueles que têm uma postura mais tranquila, que preferem aguardar a recuperação ou não do governo Rosalba Ciarlini para tomar qualquer decisão.
Esse evento já foi interpretado por muitos como uma demonstração clara da força do partido. Afinal, até a governadora, que tradicionalmente é a última autoridade a discursar em todos os eventos oficiais que participa, abriu mão na oportunidade para deixar o presidente da Câmara Federal fechar a noite de discursos. E ele fez isso, claro, dizendo que o PMDB podia fazer mais – e faria mais – pelo Estado, diante do poder de influência que passaria a ter em Brasília.
E para quem não acreditava que o que Henrique falava era verdadeiro e viável, Henrique tratou de anunciar quatro conquistas para o Rio Grande do Norte. Pleitos antigos que ele “capitalizou” por meio de suas articulações na capital federal, como, por exemplo, a duplicação da BR 304, que liga Natal a Mossoró. Se ainda restassem dúvidas sobre as palavras de Henrique, bastava observar a lista de convidados ilustres do evento: nada menos que sete ministros de Estado e um vice-presidente da República (que acabou não ido para a homenagem, exclusivamente, devido a um mal tempo que o impediu de viajar para Natal).
Se não fosse suficiente, no dia útil seguinte, Henrique concedeu uma entrevista coletiva e fez duras críticas a gestão estadual, classificada por ele como isolada, concentradora e centralizadora. Isso mostrou que o partido não era só mais um membro da base aliada governista. E a pressão foi tamanha que a governadora não teve qualquer resposta. Pelo menos, não publicamente. Rosalba Ciarlini simplesmente se fez de desentendida e viajou com o deputado para Brasília, para compromissos políticos e a busca recursos junto ao Governo Federal.
No final de semana seguinte, Henrique e Garibaldi Filho se reuniram com José Agripino para discutir eventuais mudanças no Governo Rosalba Ciarlini. Nomes considerados pelos peemedebistas como “consensuais” foram indicados e aceitos pela governadora Rosalba Ciarlini, que providenciou uma reforma administrativa para atender os conselhos dos líderes do PMDB.
O Governo do DEM deu posse aos três novos secretários em um evento no centro administrativo onde, em praticamente todos os discursos, foi citada a importância dos peemedebistas Henrique e Garibaldi, na condição de ministro de Estado, para que o Rio Grande do Norte consiga se recuperar. Mais um ponto positivo para o PMDB.
Para completar a relação de eventos de demonstração de influência, o partido comemorou os 47 anos de história com uma cerimônia antecipada realizada na Câmara Municipal de Natal. Na oportunidade, mais uma vez, o partido foi comemorado devido ao momento histórico que vive e o que pode fazer pelo RN.
PT COMPLACENTE
O PMDB em março, por sinal, mostrou que é tão importante que conseguiu até mesmo alterar discursos de petistas considerados radicais. Sobretudo, depois dos eventos e da presença do ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, que visitou Natal no início do mês e afirmou que não viu problemas entre a aliança PMDB e DEM no Estado e, inclusive, esperava a união do PT com o PMDB em 2014.
O vereador Fernando Lucena, também do PT, afirmou em fevereiro que via, pelo menos, com insatisfação o estilo peemedebista de negociar cargos com o DEM para se manter na base aliada do Governo Estadual. Em março, porém, revelou que os petistas vão se buscar o apoio do PMDB para as eleições de 2014, como forma de fazer chapas que ressaltem a base aliada do Governo Dilma Rousseff em nível federal. Para isso, claro, primeiro o partido deveria romper com o Democrata.
NADA É PERFEITO
Março ainda não acabou mas já é possível dizer que o mês não será perfeito para o PMDB por um fato, no político, mas investigativo, que ocorreu já nesta semana: a operação Cactus, que cumpriu mandatos de busca e apreensão na casa do secretário-geral do partido no RN, Elias Fernandes, “afilhado político” de Henrique Alves. O deputado, por sinal, fez questão de dizer que a busca pode até ter haver com as investigações no Departamento de Obras Contra a Seca (Dnocs), onde Elias foi diretor-geral, mas que o afilhado não era investigado pelo caso.

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