Uma sessão extra do Supremo Tribunal Federal, prevista para a próxima
quarta-feira, deve servir de recado para os réus do mensalão. O
presidente da Corte, ministro Carlos Ayres Britto, quer levar a
julgamento os recursos que mantêm impunes três parlamentares condenados
pela Corte há dois anos. O caso mais grave é do deputado Natan Donadon
(PMDB-RO), condenado a 13 anos 4 meses e 10 dias de prisão pelos crimes
de formação de quadrilha e peculato.
A demora no julgamento
desses recursos impede que as penas impostas pelo Supremo comecem a ser
cumpridas e alimenta as esperanças de réus do mensalão de não serem
presos imediatamente caso sejam condenados pelo tribunal.
Na
próxima quarta-feira, se a articulação de Ayres Britto for bem-sucedida
junto aos demais ministros, seriam levados a julgamento os recursos dos
ex-deputados José Tatico (PTB-GO) e José Gerardo (PMDB-CE), além de
Donadon. Terminado o julgamento, o tribunal pode deixar expresso que
não caberão outros recursos. Assim, a pena começará a ser cumprida.
Ao
contrário desses casos, o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, pediu a prisão imediata dos réus do mensalão logo após a
condenação. Argumentou que não haveria recurso possível que pudesse
mudar o resultado do julgamento. No entanto ministros adiantaram que,
sem o julgamento de todos os embargos os réus não podem começar a
cumprir as penas que forem impostas pelo tribunal. O ministro Marco
Aurélio Mello admitiu que a prisão dos condenados só ocorrerá em 2013.
Após
o fim do julgamento, o tribunal precisa publicar o acórdão, o que pode
levar meses. Somente depois da publicação, abre-se o prazo para que os
advogados recorram da decisão. A ideia de Britto e de outros ministros
é acelerar a publicação do acórdão. E os embargos precisam ser levados
ao plenário para serem julgados.
No entanto, o comando desse
calendário não estará nas mãos do relator do mensalão, ministro Joaquim
Barbosa. A partir de novembro, ele assumirá a presidência do Supremo e
deixará a relatoria do processo para o ministro que for indicado pela
presidente Dilma Rousseff para a vaga aberta com a aposentadoria de
Ayres Britto em novembro.
Do Estado de Minas
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