A bancada do PT na Câmara dos Deputados
lançou, na tarde de ontem, um movimento chamado “Temer, o ilegítimo”, em
oposição a um eventual governo provisório do vice-presidente Michel
Temer (PMDB). Os petistas enfatizaram que, após 13 anos como
governistas, não se esqueceram de como fazer oposição e que adotarão uma
linha firme contra o peemedebista, chamado, repetidas vezes, de
“golpista”. A tendência de atuação das bancadas será de obstrução aos
projetos enviados pelo novo governo.
Enquanto poucos deputados participavam
de uma sessão não deliberativa no plenário, os novos oposicionistas
organizaram um ato no Salão Verde da Câmara, com cartazes dizendo “Temer
não será presidente. Será sempre golpista” e “Fora Temer. Cunha jamais.
Fica Dilma”. Os parlamentares se revezaram no microfone com palavras de
ordem enfatizando que Temer não será reconhecido como presidente da
República. “Seremos oposição firme a Michel Temer. Não o chamaremos de
presidente. E vamos avaliar as medidas dele criticamente”, avisou a
deputada federal gaúcha Maria do Rosário (PT). O deputado federal gaúcho
Paulo Pimenta (PT) disse que a assinatura de Temer não terá valor,
porque o peemedebista não teve nenhum voto para chegar à presidência da
República. “Não reconheceremos nenhuma assinatura dele”, completou
Pimenta.
A nova oposição tende a obstruir as
matérias enviadas por Temer ao Congresso e anunciou que vai analisar
cada caso, mesmo que as medidas sejam parecidas com as defendidas pelo
governo Dilma Rousseff. O argumento para a rejeição às medidas do futuro
governo Temer é que Dilma tinha a legitimidade das urnas para enviar
projetos e o peemedebista, não. “Nós sabemos muito bem fazer oposição e
defender os interesses do Brasil. Não aceitamos que o voto seja
rasgado”, afirmou Maria do Rosário. Ela postou uma foto no Twitter, ao
lado do senador Paulo Paim (PT), afirmando que seguirão lutando na
oposição. “Vamos ter dois presidentes: uma legítima e outro imposto em
situação de golpe”, concluiu a presidente do PCdoB, deputada Luciana
Santos (PE).
PT e PCdoB culparam a oposição por criar
dificuldades econômicas para o País ao não aceitar o resultado das
urnas em 2014 e acusaram os “golpistas” de interdição do governo Dilma.
Os partidos de esquerda anunciaram que farão obstrução política, que vão
se opor à reforma trabalhista e da Previdência (principalmente na
questão da criação da idade mínima para aposentadoria), serão à favor da
taxação de grandes fortunas, de herança e lucro sobre capital próprio,
além da revisão da tabela do Imposto de Renda e CPMF com faixa de
isenção até 10 salários-mínimos (com restituição através do Imposto de
Renda e com alíquota superior às maiores movimentações bancárias). “Não
vamos ser oposição boazinha, não”, avisou a senadora Maria Regina Sousa
(PT-PI), que representou os petistas do Senado no ato.
O grupo comparou a situação do Brasil
aos golpes parlamentares em países como Honduras e Paraguai, e ressaltou
que haverá mobilização das ruas para encurtar a passagem de Temer no
Planalto, que começará com grande instabilidade política. A aposta dos
partidos é que Temer não terá condições de unir o País. “Vai ter luta
nas ruas. Não vamos aceitar esse governo biônico”, disse Luciana Santos.
“Serão 180 dias de muita luta”, emendou a deputada Moema Gramacho
(PT-BA).
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