Deputado estadual José Dias critica quadro atual do Estado e credita situação às duas famílias
Nas últimas quatro décadas, o Rio Grande do Norte elegeu governantes
oriundos da família Alves, família Maia, ou apoiados pelas duas
famílias, como a atual governadora, Rosalba Ciarlini (DEM). A
experiência mostrou que o resultado foi um estado atrasado, com educação
sucateada, saúde de país subdesenvolvido e segurança que mais se
assemelha a uma guerra civil. Na visão do deputado estadual José Dias
(PSD), “somos um segundo Maranhão”, um dos estados mais atrasados do
país. “Em 40 anos, após Aluizio Alves, Monsenhor Walfredo Gurgel e
Cortez Pereira, isto é, de Dr. Tarcísio Maia para cá, todos os
governadores do RN ou foram eleitos pelos Alves, pelos Maias, ou pelos
dois juntos, que foi o caso de Rosalba. Isso foi a grande solução do
RN?”, questiona o deputado José Dias, ao propor uma quebra de paradigma
nas eleições deste ano, o que, segundo ele, ocorrerá com a eleição de
Robinson Faria (PSD) governador do Rio Grande do Norte.
“Nós somos um segundo Maranhão. E olhe que o estado do Maranhão é um
dos estados mais pobres e miseráveis do Brasil. Mas nós aqui no Rio
Grande do Norte só não temos o problema da água, que o Maranhão tem. De
resto, temos privilégios naturais, temos petróleo, temos energia eólica e
solar, temos solo, temos sal, temos minério em uma variedade muito
grande. Ou seja, temos na realidade tudo para não morrer de fome, diante
do descalabro que resultou esse período”, completou, ao se referir ao
período da hegemonia Alves e Maia no Estado.
De todo o período analisado pelo parlamentar, que está no sexto
mandato de deputado estadual e é casado com a irmã do ex-ministro e
ex-governador Aluizio Alves, grande liderança do PMDB potiguar, apenas o
governo de Garibaldi Filho merece exceção. “Não porque fui
correligionário, mas Garibaldi teve um privilegio de viver uma época de
privatização de FHC. Privatizou a Cosern, e hoje temos energia, temos
água, adutoras. Portanto, no governo de Garibaldi houve esse pulo, em
função da visão de privatizar a Cosern naquela época. Mas o povo vai
saber, vai continuar desse jeito?”, questiona, destacando, agora, Alves e
Maias estão se unindo, e querem que toda a tribo – isto é – os demais
partidos e grupos políticos menores do estado acompanhem essa união.
“Agora é pior porque querem unir Alves e Maias e todas as outras tribos.
Não vai ficar mais ninguém”, destacou.
No período abrangido pela análise de José Dias, os governadores foram
Tarcísio Maia, Lavoisier Maia Sobrinho, José Agripino Maia, Radir
Pereira de Araújo, Geraldo Melo, José Agripino Maia, Vivaldo Costa,
Garibaldi Filho, Garibaldi novamente, Fernando Freire, Wilma de Faria,
Wilma de novo, Iberê Paiva Ferreira de Souza e Rosalba Ciarlini. Segundo
o parlamentar, com exceções como o governo do ministro Garibaldi Filho,
os demais contribuíram para o descalabro que se encontra hoje o Rio
Grande do Norte.
“Só não temos candidato único pela coragem de Robinson Faria e da independência do PT”
Para o deputado estadual José Dias, o Rio Grande do Norte só não
assistirá a eleição deste ano tendo candidato único devido à coragem do
presidente do PSD, vice-governador Robinson Faria, que vem resistindo
“ao canto da sereia” para não desistir de ofertar ao estado uma
alternativa de poder. José Dias também ressalta o gesto do Partido dos
Trabalhadores no Rio Grande do Norte, que deverá lançar a deputada
federal Fátima Bezerra ao Senado, ao lado de Robinson.
“Você tem que reconhecer que nós só não temos candidato único pelo
gesto de coragem de Robinson e do PT. Porque a chapa, se não for casada
entre PSD e PT, perde substância. Mas é o gesto de Robinson que vem
resistindo mais que Ulisses ao canto da sereia. Ele conseguiu resistir
esse tempo todo ao canto da sereia, e o PT está tomando posição de
independência, até porque foi agredido e excluído. Mas sem a posição do
PT, o nosso gesto, do PSD e de Robinson, não tinha as consequências que
tem. Porque nós vamos para uma disputa sem máquina, mas confiando no
povo”, declarou o parlamentar.
Instado a falar sobre as especulações de que Robinson poderia
desistir da disputa, em função do poderio político e econômico do
palanque adversário, José Dias disse que essa é “a parte mais suja do
jogo”, quando “plantam notas para tentar confundir a opinião pública”.
Para José Dias, “se Robinson já resistiu até aqui, porque vai capitular
agora?”, indaga, observando que o grupo “nunca alimentou a ilusão de
montar frente ampla”. “Sempre tivemos a certeza que seria uma frente de
resistência. Essa está montada. E acredito que não ficará somente no PSD
e no PT. Não tenho a menor dúvida que outros partidos, que não são os
dominantes, se associarão a nós. Esse quadro nós já antevíamos”,
afirmou.
Quanto ao prefeito Carlos Eduardo Alves, presidente do PDT no estado,
que ontem sinalizou apoio ao candidato do PMDB e a vice-prefeita Wilma
de Faria, José Dias afirmou que caberá ao prefeito julgar. “Acho que o
prefeito, ele que vai julgar as pessoas. Nós na eleição dele não o
julgamos desfavorável e votamos nele, e confesso a você que não estou
arrependido. Votei sem nenhum condicionamento. Meu interesse era numa
boa gestão. Agora, chegou a hora de ele fazer o julgamento em relação ao
nosso candidato do PSD. Nós fazemos apelo, não julgamento”, declarou,
concluindo: “Davi uma vez venceu Golias. Será que a história não vai se
repetir um dia?”.
Fonte: JH
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