Júnior SantosSobrecarga em subestação obrigou Bionenergy a suspender operações 36 vezes no ano passado
Sérgio afirma que se os problemas envolvendo o sistema de transmissão no RN não forem resolvidos a curto e médio prazos, o grupo transferirá não apenas um, mas os quatro parques para o Maranhão. Com a transferência dos parques, o RN perderia de uma só vez R$ 440 milhões - cada parque está orçado em R$ 110 milhões.
"Temos apoio do governo estadual, mas não temos retorno do governo federal (que concede os linhões). Estamos pedindo a transferência de uma usina eólica. Caso o atraso persista, levaremos as outras três. Não podemos arcar com os prejuízos". As obras, afirma Sérgio, já começaram a ser executadas, mas isso não inviabilizaria a transferência. "As obras já começaram, mas no estágio em que estão é possível transferir. Não houve a concretagem da base ainda", explicou.
A Bioenergy é a única geradora do Brasil que vendeu energia em todos os leilões promovidos pelo governo. Ao todo, a eletricidade comercializada pela empresa nesses certames soma 804,4 MW em parques eólicos, recorde no setor.
Para evitar atrasos como os verificados no Rio Grande do Norte, a companhia está instalando uma linha de transmissão própria no Maranhão, que conectará seus 13 parques. "Temos dois projetos em operação e quatro em instalação no RN. Enfrentamos problemas de escoamento, porque a Chesf deveria ter reforçado a subestação e não fez isso", reclama.
Sérgio explica que tentou construir uma linha de transmissão própria no RN, mas que não foi autorizado pelo governo federal para isso. Os seus dois parques já estão conectados à rede no Estado. O que falta é reforçar a subestação para captar a energia gerada.
Para evitar a fuga de novos investidores, o governo do Estado agendará uma audiência com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério de Minas e Energia nas próximas semanas. A ideia é cobrar mais agilidade e garantir o escoamento da energia gerada pelos parques eólicos, segundo Rogério Marinho, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico. Segundo o secretário, cabe a Chesf instalar três das quatro linhas de transmissão previstas para o Rio Grande do Norte.
Chesf estende prazo
A Agência Nacional de Energia Elétrica evitou comentar o atraso e afirmou apenas que as linhas atrasadas no Nordeste deverão ser instaladas entre julho e setembro deste ano. O prazo original não foi informado pela Agência. A Chesf foi procurada para fornecer mais detalhes, mas não retornou ao pedido de entrevista. Segundo reportagem publicada na Folha de São Paulo, 70% das linhas de transmissão que deveriam ser entregues em 2013 não ficarão prontas dentro do cronograma. O atraso será de 15 meses, em média. A estimativa é da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). Segundo a entidade, a previsão é que usinas que somam 1,1 GW fiquem paradas no ano por não terem como transmitir energia. O número é quase o dobro dos 622 MW de 2012.
Bate-papo
Jean Paul Prates » diretor-geral do Cerne
O senhor foi informado a respeito da saída dos parques eólicos do RN para o Maranhão?
O Rio Grande do Norte vinha despontando até 2011 como preferência dos investidores do setor de energia eólica. Mas de 2011 para cá o Estado vem perdendo terreno. Nesse caso, o atraso na implementação das linhas de transmissão está levando a Bioenergy a fazer isso. Contudo, essa transferência está dentro de um contexto maior, porque a empresa já vem concentrando as suas atividades no Maranhão. A situação é preocupante.
Por quê?
Desde a extinção da Secretaria de Energia, falta interlocução com o setor e falta o Estado brigar pelos seus interesses. Muita gente diz que a secretaria não iria fazer falta e está provado que faz falta. O Governo do Estado demonstrou nesse período não estar interessado no assunto. Agora, com o novo secretário de Desenvolvimento Econômico, Rogério Marinho, esperamos que isso mude.
Quais são os principais problemas?
A primeira é a falta de planejamento do Governo Federal. Desde 2009, nós cobramos a ligação de Russas até Natal em termos de linhas de transmissão, passando por Mossoró, por Guamaré etc. O Governo Federal preferiu investir nos ICGs, que são paliativos. Quando eu falava, em 2009, que era preciso mais investimento, era Jean Paul Prates que "era doido". Hoje, o RN contratou uma soma considerável em três anos e depois se perdeu.
O que aconteceu com o RN?
O Estado não está presente no setor. Não há cobrança. Parece que o que foi conquistado está de bom tamanho e o que resta é inaugurar o que já foi contratado. Não há cobrança junto ao Governo Federal, por exemplo, para agilizar a finalização das linhas de transmissão.
O potencial do Estado era grande?
Vieram para cá somente as melhores empresas. Mas parece que falta no Rio Grande do Norte hoje alguém com visão de futuro.
Fonte: Tribuna do Norte
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