Os leilões ajudam a viabilizar parques eólicos, ao garantir mercado |
O leilão de energia A -3, que previa a comercialização de energia éolica, hidrelétrica, termoelétrica a gás natural e à biomassa e não irá ocorrer. O cancelamento foi confirmado ontem pelo Ministério das Minas e Energia (MME), mas, segundo especialistas, não acende um sinal de alerta para os estados produtores e o mercado.
Durante o ano, o certame foi alvo de sucessivos adiamentos e estava previsto para ocorrer agora em dezembro. Somente o leilão A -5 foi mantido, com data marcada para o dia 14 de dezembro.
Analistas do setor defendem que com a realização dos leilões ocorridos em 2009, 2010 e 2011 a oferta instalada deve atender a demanda. Inclusive foi este a justificativa dada pelo MME, em nota divulgada a imprensa sobre o cancelamento do A-3.
A demanda que seria contratada no leilão foi, segundo o Ministério, praticamente atendida pelas sobras oriundas da aplicação do Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits - MCSD e pela Contratação Escalonada das usinas termelétricas a gás natural ciclo combinado e a biomassa, contratadas em Leilão realizado em 17 de agosto de 2011.
Outros fatores contribuíram para o cancelamento, analisa o diretor-geral do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Jean-Paul Prates, como a não devolução de concessões, que vinham sendo questionadas e negociadas, além do ritmo mais lento do crescimento econômico.
O que regula a realização de leilões, segundo Jean-Paul Prates, é a necessidade de energia e não de instalar fábricas. "O governo trabalha com oferta planejada. E pode ter observado que se houvesse uma sobreprodução, poderia até reduzir os preços dos leilões", analisa o diretor do Cerne. "As consequências seriam preocupantes se passassem três anos sem leilões, o que não é o caso", acrescenta.
Somente na hipótese de um crescimento econômico e consumo maiores que os projetados pelo governo até 2015 - quando era previsto o início do suprimento da energia que seria contratada no Leilão A -3 - é que poderia haver colapso no abastecimento, de acordo com Max Chianca, coordenador do curso de Pós-graduação em Energias renováveis da UnP. Contudo, ele observa que a descontinuidade na realização dos leilões pode causar uma perda na capacidade de atrair investidores e reduzir a capacidade da geração de empregos. "Haverá menor investimento em geração de eólica e energias alternativas. Não deixa de ser um desestímulo ao investidor", disse.
DINÂMICA
Para o Lelião A -5, que tem 525 projetos habilitados, dos quais 484 somente em eólica, o Rio Grande do Norte ficou atrás da Bahia e do Rio Grande do Sul em número de projetos habilitados. "É uma dinâmica do mercado, o que não implica que o número de contratações seja maior. Nesse sentido, o RN tem mantido a liderança e atraído os melhores investidores, devido o potencial", afirma Jean-Paul Prates.
A TRIBUNA DO NORTE encaminhou questionamentos ao Ministério de Minas e Energia e a ABEEólica. Por meios das assessorias, as duas entidades informaram não dispor de porta-voz na tarde de ontem para entrevista. A MPX informou via assessoria de imprensa que só se pronunciará após o Leilão A -5. Para este, a empresa tem um projeto habilitado para o RN com oferta de 158 MW.
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