STF começa a julgar hoje 'núcleo político' do mensalão
Expectativa é que hoje o presidente da Corte, Ayres
Britto, proponha o debate sobre a possibilidade de sessões extras para
acelerar o julgamento.
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma hoje (17) o julgamento da Ação
Penal 470, conhecida como processo do mensalão, com o voto do
ministro-relator, Joaquim Barbosa, sobre o item que trata se houve o
pagamento de propina a parlamentares da base aliada em troca de apoio
ao governo. Barbosa disse que será um dos momentos mais longos do
julgamento. Vários políticos são réus neste item do processo.
A
expectativa é que hoje o presidente da Corte Suprema, Carlos Ayres
Britto, proponha o debate sobre a possibilidade de promover sessões
extras às quartas-feiras para acelerar o julgamento. A ideia é promover
sessões extras nas manhãs de quarta-feira. Porém, ele quer tomar a
decisão com o consenso dos demais nove ministros do STF. Já houve 23
sessões até a semana passada.
Na sessão de hoje à tarde, o
primeiro a se manifestar será o relator, que apresentará seu voto sobre
o sexto capítulo da denúncia apresentada pelo Ministério Público
Federal (MPF). Nesta etapa são tratados os crimes de corrupção ativa,
corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro entre os
partidos da base aliada do governo de 2003 a 2004.
É o maior
número de réus mencionados ao longo da ação - 23 dos 37 de todo o
processo. Barbosa informou que deve demorar pelo menos uma sessão e
meia para ler seu voto. Na semana passada, ele reiterou o pedido de
realização de sessão extra para que a Corte Suprema conclua esta fase
em tempo razoável.
De acordo com a acusação, o ex-ministro José
Dirceu, o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Delúbio
Soares e o ex-presidente nacional do PT José Genoíno ofereceram benSTF
começa a julgar hoje 'núcleo político' do mensalão efícios a
parlamentares em troca de apoio para votar algumas propostas, como as
reformas tributária e da Previdência em 2003.
O
ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira também era citado como
articulador do esquema, mas deixou de integrar a ação penal quando
fechou acordo com o Ministério Público Federal (MPF). O réu Carlos
Alberto Quaglia, sócio da empresa Natimar, figurava nesta etapa do
processo, mas seu caso foi mandado para a primeira instância devido a
falhas processuais. José Janene, político do Partido Progressista (PP),
também denunciado nesta fase, morreu em 2010.
Segundo a
denúncia, foram distribuídos R$ 4,1 milhões ao PP, R$ 10,8 milhões ao
PL (atual PR), R$ 5,5 milhões ao PTB e R$ 200 mil ao PMDB. O MPF
informa que o repasse das verbas era feito de diversas formas: por
saques dos próprios parlamentares ou seus assessores no Banco Rural,
com a ajuda de integrantes do grupo de Marcos Valério, ou por meio de
empresas usadas para lavar o dinheiro.
Vários réus confirmam ter
recebido dinheiro do esquema do empresário Marcos Valério, porém em
menor quantidade que o apontado pela denúncia. A principal linha de
defesa é que o dinheiro foi destinado ao pagamento de gastos de
campanha após acordos políticos fechados com o PT. Os assessores usados
nas operações alegam que não sabiam do esquema criminoso.
Dos 23
réus desta etapa, o MPF pediu a absolvição de Antônio Lamas, ligado ao
PL, por falta de provas. No julgamento do capítulo anterior, a maioria
dos ministros aderiu à tese de que Geiza Dias, ex-gerente financeira da
empresa de Marcos Valério, não podia ser condenada porque não sabia que
estava cometendo crime ao fazer repasses do esquema.
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